quinta-feira, dezembro 30, 2010

Dois de Nós

É muita sorte encontrar alguém que nos faça muito felizes!

Foram 2 anos lindos que deram passagem, no último dia 27, para todos os próximos momentos que viveremos juntos.

Aprendi que um amor como este, cheio de bem querer, só pode acontecer com muita humildade e muita coragem. Coisas que são difíceis de explicar, mas que acabam sendo tão naturais quando estamos com alguém que vale a pena.

Como não sabia direito como falar sobre tudo isso e o que significa para mim, tomei coragem vinda não sei de onde (até sei! do vinho do jantar!) e cantei.


Mais ou Menos Dois
Eilor Marigo

Intro: E, A, D, A, E, A, D, D

E                  A         G                    D

Eu nem sabia o que procurar, viagem, festa, farra e estudar

E                   A                  D A

Eu conheci alguém e quis saber, o porquê?

E                          A        G           D

Pedi um abrigo, um colo um coração, negado fui, renegado não

E                   A                 D A

Mas eu queria mesmo entender, o por quê?


     E                    A

Juventude simples, muitos anos bons,

D                      G

Amar, deixar, voltar e por que não?

A                       E

Então alguém marcou com seu batom

     D G

O am-or


E                  A             G                      D

Passavam os anos a desencontrar, viagem, festa, farra e trabalhar

E                     A               D   A

Mas ninguém trancou o seu coração, oh não!



Foi quando percebi assim,

A

Que havia alguém dentro de mim,

G

Que o tempo não pôde esfriar

     D

O am-or


Refrão:


A                  E           BM          G

O mundo mudo de um tempo bom, idade sem vaidade então

A                      E

Meu par de sapatos e o seu batom,

   D  G

Paixã-ão

A                  E             Bm                  G

A dor aguda e um amor pagão, trancados dentro do meu coração

A                     E

Um par de sapatos e o seu batom,

   D  A

Paixã-ão


E

Liberta sim, o amor pagão

A

Renasce mesmo sem ter razão

G

Mais ou menos dois de nós

D

E o am-or


E             A           |

Mais ou menos dois de nós |
                          | 2x
       D A                |
E o am-or                 |


E             A

Mais ou menos dois de nós

       D A, E, A, D, A, E

E o am-or


Obrigado amor, por estes anos deliciosos que passamos juntos, grudados, apertados, tão lindos! :-)

segunda-feira, dezembro 27, 2010

Você, Eu e um Feliz 2011!












Minha receita de todos os anos é única.

Acompanham o prato principal da virada de ano: Uma porção de reflexões, iscas de nostalgia e uma série de sensações regadas com um leve sentimento de passagem.

Parece bonito quando dito assim, mas todo final de ano representa uma passagem sincera e calculada. Aí sai de cena o ‘Eu doismiledez’ para entrar aquele ‘Eu dois mil e onze’ no lugar. Zerinho! Novinho em folha!

Não postei no Blog minha passagem de Natal. Pelo contrário, esperei que o meu ‘Eu dois mil e onze’ surgisse para dar as boas vindas e fazer os votos de um ano melhor para todos vocês, amigos e leitores.

Então resolvi trazer aqui a música que me inquietou durante o último mês. Aquela que me ajudou a me reformular todo.
Ain’t No Reason (Não há razão), da Brett Dennen, fala sobre tudo o que poderíamos e deveríamos mudar para termos um mundo melhor, mas que o dia a dia e nossa própria comodidade não permitem enxergar direito.

E isso tudo me fez pensar...

Será que a cada ano as nossas versões novinhas em folha são, em essência, muito melhores que as anteriores?

Há renovação das nossas atitudes e da nossa consciência?

Por isso meus desejos estão aí, desde o princípio dessa música até o fim deste post...



There ain't no reason things are this way
Não há razão para as coisas serem assim
Its how they always been and it tends to stay
É como sempre foram e tendem a permanecer
I can't explain why we live this way, we do it everyday
Não posso explicar por que vivemos desse jeito, fazemos isso todos os dias
Preachers on the podium speaking of saints
Pastores no púlpito falando sobre santos
Prophets on the sidewalk begging for change
Profetas nas calçadas pedindo por mudança
Old ladies laughing from the fire escape, cursing my name
Senhoras velhas rindo na saída de incêndio, amaldiçoando meu nome
I got a basket full of lemons and they all taste the same
Tenho uma cesta cheia de limões e todos têm o mesmo gosto
A window and a pigeon with a broken wing
Uma janela e uma pomba com uma asa quebrada
You can spend you whole life working for something,
Você pode gastar toda sua vida trabalhando por algo,
Just to have it taken away
Apenas para que seja tirado de você

People walk around pushing back their debts
Pessoas andam por aí empurrando suas dívidas
Wearing pay checks like necklaces and bracelets
Usando cheques de pagamento como colares e braceletes
Talking bout nothing, not thinking bout death
Falando sobre nada, nunca pensando sobre morte
Every little heartbeat, every little breath
Cada batidinha do coração, cada curta respiração
People walk a tight rope
Pessoas andando sobre uma corda esticada
On a razors edge
Sobre pontas de lâminas
Carrying their hurt and hatred and weapons
Carregando suas dores e ódio e armas
It could be a bomb or a bullet or a pen,
Poderia ser uma bomba ou uma bala ou uma caneta,
Or a thought or a word or a sentence
Ou um pensamento ou uma palavra ou uma sentença

There ain't no reason things are this way
Não há razão para as coisas serem assim
It's how they've always been and its tends to stay
É como sempre foram e tendem a permanecer
I don’t know why I say the things that I say
Não sei por que digo as coisas que digo
But I say them anyway
Mas eu digo de qualquer maneira

But love will come set me free
Mas o amor virá me libertar
Love will come set me free, I do believe
O amor virá me libertar, eu acredito nisso
Love will come set me free, I know it will
O amor virá me libertar, eu sei que ele virá
Love will come set my free, yes.
O amor virá me libertar, sim.

Prison walls still standing tall
Os muros da prisão continuam altos
Some things never change at all
Algumas coisas nunca mudam
Keep on building prisons, gonna fill them all
Continue construindo prisões, irá enchê-las todas
Keep on building bombs, gonna drop them all
Continue construindo bombas, irá soltá-las todas
Working young fingers bear to the bone
Dedos jovens trabalhando até o osso
Breaking your back, make you sell your soul
Quebrando suas costas, o fazem vender sua alma
Like a lung it’s filled with cold, suffocating slow
Como um pulmão cheio de frio, sufocando devagar
The wind blows wild and I may move
O vento sopra forte e eu posso mudar
The politicians lie and I am not fooled
Os políticos mentem, mas não me enganam
You don't need no reason or a three piece suit
Você não precisa de uma razão ou um traje completo
To argue the truth
Para questionar a verdade
The air on my skin and the world under my toes
O ar na minha pele e o mundo sob meus pés
Labor is stitched into the fabric of my clothes
Escravidão costurada na fábrica das minhas roupas
Chaos and commotion wherever I go
Caos e comoção onde quer que eu vá
Love I try to follow
E eu tento seguir o amor

Love will come set me free
O amor virá me libertar
Love will come set me free, I do believe
O amor virá me libertar, eu acredito nisso
Love will come set me free, I know it will
O amor virá me libertar, eu sei que ele virá
Love will come set me free, yes.
O amor virá me libertar, sim

There ain't no reason things are this way
Não há razão para as coisas serem assim
It’s how it’s always been and it tends to stay
É como sempre foram e tendem a permanecer
I can't explain why we live this way,
Não posso explicar por que vivemos desse jeito,
We do it everyday...
Fazemos isso todos os dias...

Os dias iguais não estão trazendo anos melhores,
Meu desejo é que você mude.

As pessoas vêm e vão e machucam seu coração,
Meu desejo é que você mude.

O amor está difícil de encontrar, instável,
Meu desejo é que você mude.

Se precisar de alguém que apóie suas mudanças,
Conte comigo.

Desejo pessoas melhores para o nosso ano. Não apenas um ano melhor para as pessoas que amo!

Feliz você novo em 2011!

segunda-feira, dezembro 20, 2010

A Peça

Fui ao teatro assistir “Tebas”, prestigiar um amigo que atuou.

Grande espetáculo do começo ao fim, merecedor dos muitos minutos que permanecemos, todos, aplaudindo de pé na platéia.

Tratava de uma série de tragédias gregas encenadas por alunos do curso de teatro da Universidade de São Paulo, com todas as genialidades que a formação, a experimentação e a falta de dinheiro provocam numa peça de teatro.

Acho incrível. Muito mais recheado de boas idéias do que qualquer superprodução da Broadway.

Como a maioria das peças acadêmicas esta foi uma apresentação aberta ao público, onde bastava retirar uma senha para assistir. Não foi cobrado ingresso. Porém, também como é de praxe, ao atores “passaram o chapéu” na saída pedindo qualquer ajuda que pudéssemos dar a fim de custear figurinos, ensaios, materiais de cena, etc.

Fiquei um pouco chateado por ter ali menos de R$50,00 em dinheiro na carteira. Fui à peça com minha namorada e achei que seria muito mais justo pagar um valor relevante por aqueles 130 minutos de excelentes montagens, de boas atuações, dos figurinos cuidadosamente trabalhados e da coragem dos atores, todos.

Saquei da minha carteira R$20,00 que tinha trocado na hora e depositei na cesta que um dos atores segurava. Enquanto isso os demais entoavam e dançavam canções ao deus Baco do lado de fora do teatro.

Foi quando percebi que a cesta estava recheada de moedas e notas de R$2,00, com alguns poucos ainda depositando seus trocados.

De verdade, isso me deixou bastante indignado!

Uma peça muito melhor que algumas das mais caras que já fui! R$130,00 por um assento para assistir Miss Saigon no Brasil e posso afirmar que a peça daqueles alunos deu de dez a zero na superprodução.

E vejo nossos artistas ainda em formação, todos bons artistas, alguns excelentes, sendo pagos com o trocado da carteira, o troco do lanche do jantar. Desculpas existem de monte. Mas tanta gente bem vestida por ali... No estacionamento reparei tantos carros tão melhores que o meu.

Se todas as 125 pessoas do teatro lotado depositaram ali seus míseros R$2,00, então a noite rendeu R$250,00, o que imagino que não pague nem metade daqueles figurinos muito bem acabados. Quanto mais sobrar qualquer coisa para os aproximadamente 20 atores que trabalharam na peça.

Lembrando ainda que são estudantes. Imaginem o apoio que sentem à carreira ao perceber que todo seu trabalho foi avaliado em R$2,00 pela platéia. E tanta gente que reclama que teatro é caro, que no Brasil não existe a cultura do teatro!

Também, pudera!
É preciso muito amor à arte...

Ainda sobre a peça só há uma coisa a acrescentar: Bravo, tebanos!

sexta-feira, dezembro 10, 2010

A Partilha

Certa vez acompanhei um experimento muito curioso.

Trancaram numa sala um grupo de pessoas e um bolo grande e enfeitado. Bem caprichado, daqueles que parecem combinar tudo o que há de bom.

Tudo estava bem por ali. Ninguém estava chateado comendo aquele bolo delicioso, cada um pegava um pedaço atrás do outro e todos brincavam e sorriam em volta da mesa.

Durante muito tempo foi assim.

Então alguém esticou a mão para pegar um pedaço e afirmou gravemente:

- O bolo acabou!

- Como assim acabou? – perguntaram juntos todos os outros.

- É isso mesmo, vejam! O bolo acabou! – afirmou atônito o primeiro.

Então foi uma confusão dos diabos.

As pessoas não podiam acreditar naquilo! O bolo deliciosamente preparado para elas havia terminado! Como poderia ter acontecido isso?

Naquele momento alguém levantou da mesa, apontou o dedo para uma das outras faces e bradou:

- Foi você! Eu sempre soube! – Gritou com o sangue aparente pulsando na testa avermelhada – Foi você quem comeu mais pedaços e acabou com o nosso bolo!

- Eu não! – Respondeu assustado o acusado que se tremia inteiro – Comi tanto bolo quanto qualquer um aqui!

- É mentira! – Afirmou outro quase em desespero - Eu comi apenas um pedaço de bolo enquanto conversava aqui com meu amigo. Não é justo! Eu mal senti o gosto dele! Nunca me deixaram comer deste bolo!

Instalou-se a confusão.

Todos estavam gritando. Um dos rapazes, mais forte, teve ganas de quebrar o pescoço do acusado ou de qualquer um que tivesse comido mais de dois pedaços! Foram precisos dois para segurá-lo enquanto outros fugiam.

Muitas pessoas choravam compulsivamente pelo fim do bolo. Diziam que nunca mais haveria outra coisa para fazer naquela sala.

Fizeram gritos de guerra e um pequeno grupo se reuniu no fundo da sala com cartolina e canetas, que rabiscavam violentamente criando cartazes com ameaças de morte aos que comeram o bolo.

Instalou-se um inquérito.

Aqueles de veia investigativa recolhiam pratos e bandejas e analisavam as evidências. Outros criaram uma comissão para decidir qual deles estava habilitado para se tornar um juiz imparcial dos fatos.

Em menos de alguns minutos formou-se uma forte oposição! Já haviam instalado uma CPI sobre o inquérito que, diziam, havia sido manipulado.

Alguém se juntou a mais três e formaram um exército que ainda não sabia para quem trabalhar.

Muitos se acusavam e, durante uma briga, houve um ferimento no olho. Um médico entre eles estava sendo requisitado com urgência.

Outros já não se lembravam mais o motivo da bagunça, mas aproveitaram o embalo para reclamar que por ali não havia condições dignas para ficar.

Todos desconfiavam de todos. Todo mundo se sentia lesado e no direito de receber seu pedaço. Ninguém queria abrir mão da sua parte!

Não perceberam que lutavam pelo ideal do bolo. Brigavam agora pela parte que deveriam ter recebido daquele bolo que um dia existiu. E não mais.

Havia tantos motivos para discutir e tão poucos para fazê-los parar.

Àquele bolo esquecido misturava-se rancor e amor.

E já não sobravam nem migalhas pelas quais brigar.

“As pessoas defendem seus interesses mais ferozmente que os seus direitos” – Napoleão Bonaparte

sábado, dezembro 04, 2010

Anedotas de um Namoro #4



Pela rua:

- Amor, você estava olhando para aquela mulher?
- Qual mulher?!
- Amor! Você estava olhando para aquela mulher!
- Eu não.
- AMOR! Você ES-TA-VA olhando para aquela mulher!
- Ai meu santo...
- EU SABIA!!!

Anedotas de um Namoro #3



Estudando:

- Amor, me ajuda com este trabalho?
- Claro, pequena, o que você precisa?!
- Que você o faça enquanto termino a minha unha...

Anedotas de um Namoro #2


Jantar fora:

- Não entendo por que algumas mulheres sentem-se ofendidas quando nós, homens, pagamos as contas. Para mim não é questão de machismo, é questão de valores.
- Mas as mulheres que se oferecem para dividir a conta do restaurante também o fazem por questões de valores!

- A conta, senhor.
- Agora, quando nenhum dos dois tem dinheiro para pagar a conta, aí não se trata mais de uma questão de valores!
- Sem dúvida! Aí vocês terão que lavar os pratos mesmo.

Anedotas de um Namoro #1



Passeando no shopping:

- Amor, desculpa! É claro que eu presto atenção em você! Estava me falando sobre a opinião daquele intelectuuu...UAU! Olha que vestido lindo, amor!!!

terça-feira, novembro 16, 2010

Sobre o Amor e a Persistência

Por ela joguei fora as cartas de amor, gostei de ler romances, cheguei em casa antes.

Conheci novos sentimentos, pesquei novas atitudes e me debrucei sobre a paciência.

Sobre o amor e a persistência.

Quis um dia a mais na semana, menos uma véspera, uma segunda chance.

Tanto querer de um breve sorriso, sem juízo e tão repentino.

Que me fez gostar das brincadeiras de criança.

Ela fez eterno cada minuto dos últimos anos da minha vida.

quinta-feira, setembro 23, 2010

Vende-se

Vende-se coração reformado
Amplo e arejado
Com varanda virada para o sol
Pronto para morar

Vende-se coração companheiro
Não quebra nunca
E não entra em desespero
Mas requer sangue aditivado

Vende-se coração roubado
Mecânica perfeita
Documento adulterado
Pode rodar, mas não é confiável

Vende-se coração usado
Não parou um segundo sequer
Já foi rodado e seqüestrado
Parece novo, mas é remendado

Vende-se coração marinheiro
Cada dia num porto
Sem voltar ao primeiro
Viajado, conhece o mundo todo

Vende-se coração bem vivido
Já passou por tudo na vida
Mas foi responsável e comedido
Procura dono menos caxias

Vende-se coração massacrado
Sofreu acidente recente
Foi amargamente dilacerado
Requer conserto e funileiro

Doa-se coração para transplante


A beleza dessa vida esta no livre arbítrio
Poder errar e tentar novamente
Viver bem vivido, leviano, caótico

Ter amores vagos e convívios
Que machucam na juventude
E outros curam e preenchem
Completamente na maturidade

quinta-feira, setembro 16, 2010

"Se a criança tiver interesse, a educação acontece"

Escrevi aqui no Blog no mês de agosto um texto intitulado "Educação no Presente e no Futuro".

Este texto foi discutido no Twitter com colegas da área de coaching profissional e educação, por e-mail e também no meu grupo de Relações Públicas e Comunicadores no Linked In.

Depois de muito debate e informações trocadas, dois vídeos distintos recebidos no meu Twitter e no grupo de comunicadores me chamaram atenção pelas seguintes peculiaridades:

O primeiro vídeo foi uma entrevista de 1988 onde o cientista e ecritor Isaac Asimov discutiu a respeito da educação no futuro, prevendo num passado considerável diversas inovações tecnológicas, incluindo a Internet:



O segundo vídeo que recebi foi uma provocação interessante ao meu texto no Blog, onde o pesquisador indiano Sugata Mitra descobriu que crianças vivendo em povoados nativos, onde a educação formal é quase nula, eram capazes de aprender (e ensinar!) sozinhas sobre genética, biotecnologia ou teorias científicas complexas, bastando para isso acesso a um computador com Internet (informação) somado ao seu próprio interesse e curiosidade:



Para mim há pouco mais a ser dito sobre a educação no futuro além das palavras de Arthur C. Clark para o pesquisador indiano, após conhecer sua pesquisa:

"Se a criança tiver interesse, então a educação acontece."


E faço positivas as palavras de incredulidade do professor que duvidou da veracidade das pesquisas de Sugata: "Isso é bom demais para ser verdade!"


Se eles encontrarem a diversão da vida que é seguir sua própria vocação... que mundo fantástico teremos com o futuro da educação!

Dois Relógios

Na casa de um homem havia dois relógios.

Um deles fora construído em madeira escura e maciça. Fazia movimentos graves e rigorosos desde os ponteiros até o badalar das horas. E como estava naquela casa há muito tempo, autoridade maior nas horas não havia.

O outro era um relógio menor, porém não menos notável. De aparência pouco mais moderna e com mecanismo de movimentos suaves, era delicadamente decorado, além de infinitamente mais bonito.

Era impossível ao relógio maior, dada sua imponência e tamanho, merecer qualquer outro lugar da casa que não entre as salas de estar e de jantar. Enquanto isso o relógio menor encontrava-se fixado na parede, ao final do corredor dos quartos, sobre um maravilhoso aparador de marfim.

De forma alguma aqueles aparelhos competiam em sua casa. Não havia quem não notasse a presença das suas peças, seja pela imponência ou pela beleza.

Apesar de passar a maior parte do tempo despercebido com seus movimentos firmes e silenciosos, o relógio maior reforçava sua presença com o badalar das horas. Cada hora do dia fazia soar um volumoso big-bang das suas entranhas, que tornava a proeza de esquecê-lo uma tarefa impossível.

Enquanto isso o outro relógio, que não badalava, chamava atenção pela beleza das formas e, assim, atraia para perto todos que passavam pelo corredor. Esta atração era como uma armadilha, que de perto fazia ouvidos ao leve e agradável sibilar do ponteiro dos segundo que, suavemente, em compasso, rangia.

Naquela casa havia harmonia em todos os sentidos. E não seria diferente se não fosse um pequeno detalhe que perturbava o homem que lá vivia: não havia acordo entre os horários dos relógios!

Estando na casa há mais tempo o grande relógio de madeira já tinha suas manias conhecidas, incluindo a mais irritante: a pressa. Aquele relógio sempre adiantava alguns segundos durante o caminhar do dia.

Por este motivo o homem decidiu comprar um relógio novo. Não queria algum excessivamente moderno no estilo, pois precisava haver harmonia, mas um que compensasse nos seus mecanismos o descompasso do outro.

Assim surgiu na casa aquele novo relógio sobre o aparador de marfim, que não apenas resolveu a pressa do outro, mas fez muito mais que isso: atrasava os segundos na mesma proporção que o relógio antigo adiantava. Todos os dias.

No final da primeira semana, quando foi acertar o relógio antigo, o homem percebeu que não havia alguns poucos minutos de diferença entre eles, como era de se esperar, mas algumas dezenas deles!

A princípio o homem ficou desapontado. Seu problema parecia, finalmente, sem solução.

Como havia trocado alhos por bugalhos e não desejava comprar um novo relógio, o homem procurou pensar num jeito de resolver a situação.

Não havia mais harmonia na casa! Os relógios estavam descompensados!

Pensou durante muitos dias.

Sentia uma ponta de inveja toda vez que passava em frente à igreja da praça e olhava para o enorme relógio da torre, como sempre inquestionável.

Assim sucedeu até que o homem chegou à solução definitiva!

Se o relógio velho atrasava e o novo adiantava numa proporção similar, por que não ajustá-los perfeitamente conforme estas proporções?

Foi assim, com a solução mais simples de todas, que o homem tomou uma decisão acertada: Na primeira semana ajustou o relógio antigo de acordo com o novo. Na semana seguinte o relógio antigo estaria corrigido. Na outra semana, então, ajustaria o relógio novo conforme o antigo. E, mais uma vez ainda, na semana seguinte, o novo estaria corrigido.

Da diferença de ambos nascera um acordo: A média de horas certas, todos os dias, num ciclo interminável de ajustes repetidos.

Desde então nunca houve naquela casa sinônimo mais bonito de harmonia:

Os relógios que não se entendiam marcavam “horas certas” quase nunca. Mas, no final, juntos, anulavam seus erros e, semana após semana, se corrigiam.

terça-feira, setembro 14, 2010

O Especialista

Não sou especialista em nada.
Formei minhas mãos na faculdade e minha cabeça nos livros.
Vejo tanta gente que se autodenomina especialista nisso ou naquilo.
Gente que deseja apitar mais que os outros. Mais e mais alto.

Calma lá! Para mim não existe especialista melhor do que alguém que saiba procurar.
Não estou, assim, afirmando que não existam especialistas de fato. Existem.
São aqueles que vão além das grandes idéias. E que conseguem provar.
Mas por que essa necessidade de se autodenominar? De ser mais que os demais?

Já ouvi tanto especialista falar besteira.
Ou não falar nada para não se queimar, confundir as idéias.
Mas também ouvi tantas crianças terem grandes sacadas.
E ninguém sequer parar para escutar.

Especialista que não era humilde achava que sabia de tudo.
Aí resolveu que era hora de parar de aprender.
Seus conhecimentos estavam lá, como o mais belo castelo de areia na praia.
Até que uma onda de novidades atingiu o castelo e ele derreteu.

Já dependi de gente que nada sabia, mas que procurou até encontrar.
Gente que ajudou de verdade, não fez corpo mole.
Alguém que não é especialista, mas quer resolver.
E tenta, tenta, tenta, sem parar. Até conseguir.

E as dicas que tanto gostamos de distribuir?
Histórias e experiências de vida?
Dedos que teimamos apontar?
Somos todos especialistas?

Particularmente gosto de me aprofundar nos assuntos. Simplesmente por que gosto.
Já estudei por conta própria filosofia e gastronomia.
Hoje meu endereço é a mecânica quântica e a teoria da relatividade especial.
E quem sou eu? Um especialista às avessas? Um generalista?

Tanto faz.
Não gosto de títulos ou pronomes.
Eilor está bom por enquanto.
Aquele que gosta de aprender e ser feliz. E ponto.

Tudo que sei é o inevitável.
Aquilo que todo mundo precisa respeitar:
Vida sem aprendizado é areia.
Se você construir um castelo com ela, qualquer onda pode levar.

segunda-feira, setembro 13, 2010

Ida e Volta

Momentos milagrosos estes que vivemos
Conhecemos pessoas que não nos conheceram
A cada segundo remando no mar
Da intensidade dos eventos que se sucedem

Antecipada seja a alma de todos
E de cada um
Das atitudes que buscamos nos outros
E que nós não temos

É de se esperar que a vida melhore
Todo santo dia
Mas que alguém encontre a cura das dores
Que apenas nós sentimos

O dinheiro vil é, em verdade, a vítima
Dos casais que se queixam do amor
E da saudade de uma vida que poderia
Mas não foi

Curioso este padrão de querer o que não se tem
Desejar o que não desejou
Amar algo que não alcançam as mãos
Por que assim não o está

Da pedra sobre pedra sem cimento
Das mazelas das paixões
E arrependimentos
Onde se entrega a torto e a contento

E este mundo que não perdoa
Da insatisfação
De ida até a beira do abismo
E da volta para onde tudo começou

quinta-feira, setembro 02, 2010

A Ignorância é uma Benção

Hoje encontrei na Internet uma informação da qual duvidei prontamente:

“Deus é desnecessário para explicar a criação, diz Hawking.” – Estadão.com.br

Sinceramente eu, como alguém que leu livros do Stephen Hawking e está sempre ligado nestes assuntos, recebi com muito pé atrás a informação. Justamente ele havia dito tal coisa?

Fui procurar outras fontes:

Terra Notícias - Stephen Hawking: Deus não tem mais lugar na criação do universo
O Globo - Stephen Hawking afirma que não há lugar para Deus na teoria da criação do Universo
Yahoo Notícias - Stephen Hawking: Deus não criou o universo
Folha.com - Stephen Hawking dispensa Deus na origem do Universo

Logo abaixo de cada uma destas notícias vocês encontrarão um bando de gente metendo o pau no cara ou comemorando a “vitória da razão sobre a religião”.

Ainda incomodado com isso fiz o que sempre faço quando desconfio desse tipo de informação: fui buscar a informação original, na língua original e nas informações do próprio autor.

Encontrei algo AQUI, nas palavras do autor, escritas em seus livros.

Ele disse: “What I have done is to show that it is possible for the way the universe began to be determined by the laws of science. In that case, it would not be necessary to appeal to God to decide how the universe began. This doesn't prove that there is no God, only that God is not necessary.” [Stephen W. Hawking, Der Spiegel, 1989]

Minha tradução: “O que eu fiz foi mostrar que é possível que, pela forma como o universo começou, tudo tenha sido determinado [desde sempre] pelas leis da ciência. Neste caso, talvez não tenha sido necessária a intervenção de Deus para decidir como o universo começou. Isso não prova que Deus não existe, apenas que ele não é necessário [falando especificamente durante a formação do universo].”

Ou seja, entendo que ele NÃO afirma que Deus não existe. Hawking diz que o universo desde sempre operou sob as leis da física e que seu início foi tão natural e espontâneo quanto a sua realidade hoje. Não quer dizer também que Deus não tenha dado o pontapé inicial na criação do universo. Se ele fez mesmo isso, então apenas o fez dentro das leis da física, ou seja, a física também pode ser considerada instrumento dele na criação.

Mas não vou ficar me debatendo nos argumentos. Acho engraçado ver como as ciências e as religiões falam quase o tempo todo das mesmas coisas, investigam os mesmos assuntos, nasceram na sociedade no mesmo período e, mesmo assim, não se suportam. E que fique claro aqui que não prego nem por um nem pelo outro, mas acho muito hipócrita a posição de ambos.

Por que Deus não teria seguido (ou criado) as leis da física para tornar possível a vida na Terra ou em qualquer outro lugar do universo?

Só por que é necessário à ciência desmistificar o mundo, não quer dizer que seja obrigatório tirar toda a razão da religião. Da mesma forma, a religião considera conceitos científicos heresia, mesmo acreditando na criação. Oras, se Deus criou tudo, vocês acham que as leis da física também não foram arquitetadas por Ele?

Qual é a vantagem dessa briga mesquinha ciência versus religião que não chega a lugar algum e só atrasa o que realmente é importante: a evolução da sociedade?

Vocês queiram ou não, o mundo precisa de filosofia tanto quanto de cálculos. A ciência nos dá naves para avançar pelo o futuro, enquanto a religião nos dá o mapa para chegar lá com equilíbrio.

O mundo precisa de tolerância! Agora mais do que nunca.

Como diria o cientista e fervorosamente religioso Albert Einstein, “A ciência sem a religião é paralítica. A religião sem a ciência é cega; e quanto mais estudo a ciência e a física, quanto mais eu procuro soluções, mais acredito em Deus.”

Pois é, Einstein, triste época essa em que vivemos. É mais fácil desintegrar um átomo do que um preconceito!


*Não deixarei claro neste texto se acredito ou não em Deus, se tenho fé apenas na razão da ciência ou totalmente cético sobre tudo isso de propósito. O que me intriga é a falta de resultados positivos que estas duas instituições mesquinhas geram ao brigar pela razão... ou pela falta dela. Dessa forma a ignorância parece mesmo uma bênção.

sexta-feira, agosto 20, 2010

Educação no Presente e no Futuro


Fiz este comentário a respeito do interessante texto do Gil Giardelli para o Site da HSM;

Clique e veja o texto do Giardelli na HSM - "Ensine menos e aprenda mais"

No texto o autor nos deixa uma pergunta interessante para refletir: "Como a escola supera o tempo e o espaço em um mundo imediatista?"

Meu comentário foi o seguinte:

Cada vez mais me parece que a educação moderna caminha para o rumo das comunidades ancestrais: O indivíduo é educado pelo grupo e não mais por um tutor ou pela família.

Em algumas comunidades indígenas as crianças são retiradas de suas casas e passam a conviver num ambiente comum, onde os "professores" não são apenas os mais velhos, mas eles mesmos e o ambiente que os rodeia.

Achei interessante o artigo por que falamos muito do futuro, mas o ciclo de vida da educação caminha para um retorno às raízes da sociedade.

Penso que a solução está em aumentar a cultura geral e ampliar os caminhos da informação, sempre lembrando que é responsabilidade de cada um e de todos nós prezar pela educação das futuras gerações.

Cada vez mais a moral e o respeito serão a base da vida em sociedade!

Leia também: "Se a criança tiver interesse, a educação acontece"

Cantiga Popular

Conta o folclore que numa cidade do interior do Brasil existiu um garoto muito bom, que desde muito novo trabalhava com o pai numa venda de frutas depois das aulas e ajudava a mãe com o jantar antes de se deitar.

Havia também uma garota muito bonita, chamada Jasmim, que ficou conhecida pela soma da sua incomparável beleza física com uma voz capaz de superar todas as maravilhas do mundo.

Reza a lenda que os dois viveram na mesma época e que entre eles aconteceu a bonita história de amor, que vou contar para vocês agora:

Fidalga e bela que era, Jasmim, a filha do prefeito, residia na parte alta e nobre da cidade. Estava acostumada à companhia das jovens damas das famílias mais tradicionais e ao cortejo dos rapazes, que automaticamente se encantavam pela sua beleza.

Enquanto isso, na parte baixa, vivia um garoto rico de respeito pela família e pelo trabalho, mas pobre de quaisquer outras posses. Não que fosse um rapaz feio ou desafortunado, isso não! Era um garoto gentil e respeitoso, mas sem oportunidade melhor.

Certo dia os dois se encontraram, sem querer, no coreto da cidade. Jasmim apresentava seus cantos durante as festividades da primavera para todos os cidadãos, que assistiam maravilhados aos cantos populares da flor da cidade, enquanto o rapaz entregava frutas numa casa próxima dali.

Como não poderia deixar de ser, Jasmim notou o rapaz e o rapaz notou Jasmim quando este passou pela praça, a caminho das entregas. Foi amor à primeira vista! Durante todo aquele dia não puderam mais tirar o outro da cabeça um minuto sequer

Nos dias seguintes Jasmim pensou naquele rapaz. Ele não parou para ouvir seus encantos inebriantes! Não lhe fez cortejos pomposos ou prestou homenagens! Apenas continuou seu caminho rumo ao trabalho, como um homem de verdade deveria fazer.
Sem saber disso, o rapaz queria transformar sua vida para encontrar-se com aquela linda donzela mais uma vez. Decidiu então que se tornaria muito rico e só se aproximaria de Jasmim quando pudesse lhe dar todas as estrelas do céu.

O tempo passou e Jasmim, ocupada com os estudos, com as festas da família e com os ensaios de canto acabou esquecendo o rapaz. Ele, enquanto isso, trabalhava todo o tempo e fugia de casa durante as noites para observar, sentado num galho de árvore perto da janela do quarto de Jasmim, o sono profundo da moça.

Ambos cresceram com seus compromissos e, como não podia deixar de ser, o rapaz tornou-se um comerciante importante que viajava todo o tempo para cuidar dos seus negócios. Estava sempre para lá e para cá pelo mundo, navegando atrás de novidades para comprar e vender.
Jasmim recusou muitas ofertas de casamentos e convites para morar longe do país, para continuar seus estudos de música e encantar ainda mais as multidões com seu dom.

Certo dia um homem estranho mudou-se para uma fazenda perto da cidade. A fazenda ficava num enorme bosque muito bem arborizado, que se perdia de vista pelas montanhas da região.
Diziam que ele trouxera muitos trabalhadores de todos os cantos do mundo e, na calada da noite, estes se puseram a desmontar as pedras que calçavam as ruas da cidade desde a praça até próximo à casa do prefeito. Como eram muitos, antes mesmo de amanhecer a rua já estava toda poeirenta da terra que sobrara ali. Não havia mais pedras, nem para contar história.

Na manhã seguinte o prefeito quase teve um ataque dos nervos! Ordenou ao empreiteiro que as ruas fossem novamente calçadas na primeira hora da manhã seguinte.
Mas os trabalhadores misteriosos voltaram durante a noite e cobriram a rua com pedras novamente.

No dia seguinte as pessoas estavam maravilhadas! A rua fora coberta, da praça até a casa do prefeito, com pedras brilhantes que refletiam os raios do sol durante o dia e o brilho das estrelas durante a noite!
Ninguém conseguia adivinhar quem pusera as pedras, mas sabiam que os trabalhadores noturnos vinham e voltavam do bosque, sem dizer palavra. Havia boatos de que até mesmo o delegado interrogara alguns deles, mas ninguém sabia de nada.

Naquela noite pôde-se ver a rua toda iluminada pelo brilho dos astros! Enquanto isso, um homem passeava para cima e para baixo num terno branco e com um buquê de flores nas mãos.

Jasmim, que como todos os cidadãos nada entendia, acompanhou com os olhos curiosos cada passo do homem até que chegasse sob sua janela. Conforme ele se aproximava, percebeu que o homem cantarolava a mesma música que Jasmim recitara durante sua apresentação no coreto, o que lhe fez encher os olhos de lágrimas.

Teve certeza que seria ele. O amor da sua vida chegara afinal!

Sabendo que seu pai, o prefeito, nunca deixaria que se encontrasse com aquele homem tão misterioso, Jasmim desceu silenciosamente as escadas de sua casa para não acordar ninguém. Saiu pela porta da cozinha e caminhou até o jardim.

Foi então que o rapaz da quitanda, agora um homem feito e grande mercador, entregou-lhe o buquê de flores e deu-lhe o braço para que caminhassem até o coreto da praça. Lá, sob a luz das estrelas e sobre o brilho da rua, encontraram-se novamente como os dois amantes silenciosos. Dançaram como dois namorados durante toda a noite e decidiram se casar.

Então Jasmim foi morar com seu grande amor na fazenda do bosque, que antigamente se chamava solidão. E dizem que do amor dos dois nascera então um lindo anjo, que dia após dia lhes roubava o coração.

sexta-feira, agosto 13, 2010

Cuidados com a Internet!

Ontem mesmo postei aqui um texto denominado “Nem Tudo Que Reluz é Ouro” sobre a “adolescência da Internet” na data em que ela completou seus 15 anos no Brasil.

Enquanto pensava mais profundamente a respeito, encontrei duas imagens de tags divertidas da web para textos e Blogs, que tem tudo a ver com isso. Achei por bem postar aqui para complementar:

Aviso: Este artigo contém informação da Wikipedia, sem fonte ou verificação.

Aviso: Este artigo é basicamente um release de imprensa, copiado e colado.

É verdade que a Internet é apenas o meio e que os culpados pelas discórdias geradas, os erros e acertos cometidos somos nós, usuários. Também é verdade que tais coisas podem acontecer em quaiquer mídias. Mas as mídias tradicionais são regulamentadas por profissionais especializados, órgãos governamentais e não governamentais e ainda pelo público, que se torna cada vez mais seletivo.

Já a Internet tem como característica o fato de ser terra de todos e, como não poderia deixar de ser, terra de ninguém. Aí sobra para o bom senso de cada um cuidar para que essa Babel cultural não tenha o mesmo fim da Babel original.

E você. Está fazendo a sua parte com responsabilidade?

quinta-feira, agosto 12, 2010

Nem Tudo Que Reluz é Ouro

Coisa engraçada essa tal “era moderna” que vivemos...

Hoje a Internet completa seus 15 aninhos de vida e percebo que sua fase não poderia ser mais correta: a adolescência.

Tanta gente trafega pelas redes e suas centrais de relacionamento em meio a um monte de informações vindas de todos os cantos e, na fúria adolescente da liberdade de expressão, esquecem de pensar com a cabeça antes de tomar atitudes.

Digo isso por que vejo o tempo todo notícias e mais notícias, “furos de reportagem” que entram e saem do Twitter ou das redes sociais como Facebook e Orkut. Tornou-se muito fácil ser um repórter diário, um reclamão ou um arauto das boas e más notícias, isso é um fato irreversível.

Mas é preciso entender que nem tudo que reluz é ouro!

Muita gente debate as profundas mudanças do mundo e aceita informações truncadas, desconexas e muitas vezes duvidosas como fonte de inspiração.

Eu mesmo passei por uma onda de postagens intensas no Twitter que chegaram a prejudicar relacionamentos reais. Só com o tempo percebi que estas postagens são verdades minhas e apenas minhas ou, às vezes, nem mesmo verdades. As pessoas podem comprá-las ou não, mas o que acaba acontecendo é que algumas dessas “verdades” tornam-se fatos. Não pontos de partida para debates muito longos e profundos, mas exemplos a serem seguidos.

Todo debate é saudável e pode produzir conteúdo a favor da consciência coletiva. Porém quanto disso não é inventado e simplesmente comprado de graça por todos nós, usuários?

A Internet é feita de gente, e gente tem defeitos!

Já postei no meu Twitter (e não apenas uma vez) notícias de grandes jornais e redes de publicações que falavam sobre um mesmo assunto, mas davam argumentos e apresentavam dados totalmente diferentes. Fora os casos profissionais como este existe também uma grande massa de “formadores de opinião” que tornam-se celebridades instantâneas e trazem sua fila enorme de caminhões basculantes para despejar diariamente suas verdades e, pior, para quem quiser ler, escutar... e comprar sem questionar.

E qual é o real perigo disso?

O perigo é o mesmo de colocar um adolescente de 15 anos não habilitado na direção de um veículo: Você não questionou seu preparo e está jogando com a sorte.

Este adolescente pode ser um tipo cuidadoso e consciente que, se fizer coisa errada, pode se machucar. Senão um tipo maloqueiro e revoltado, com discernimento limitado e capacidade para decolar com o veículo sobre um ponto de ônibus lotado.

A grande virtude do mundo virtual é também seu maior defeito: Todos ganhamos o poder de colocar a boca no trombone. (E pelo menos tentar convencer as pessoas das nossas próprias verdades.) Mas nem todos se dão o direito de questionar.

Por isso repito o alerta importante desse texto: Tome cuidado com os fatos, questione-os antes de comprá-los!

Nem tudo que reluz é ouro.

segunda-feira, agosto 09, 2010

O Senhor das Especiarias

Contava um amigo meu que numa das viagens que seu avô fez pelo mundo encontrou, em Istambul, numa viela perdida pela cidade daquelas que não vale a pena descrever, uma loja muito curiosa. Nada fácil de encontrar, por sinal. Mas tenho certeza de que isso também fosse proposital.
Dada a fidelidade de seu relato, achei justo que cada um tire suas próprias conclusões.

Quando pousamos em Istambul, decidi caminhar todo o dia em busca de novidades. Não era a primeira vez que me encontrava com tempo de sobra na Turquia e como já conhecia todos os pontos turísticos imperdíveis, decidi conhecer mais a fundo o Bazar Egípcio (ou dos cereais), aquele que também é conhecido como Bazar das Especiarias.
História e arquitetura podem mudar lentamente e fazerem com que visitar algumas cidades do mundo meia dúzia de vezes se torne tedioso, mas as especiarias que encontramos pelo mundo são infinitas.
Cansado de esperar pelo próximo vôo, resolvi bisbilhotar uns becos em busca de algo novo. Foi assim que encontrei aquela lojinha apertada numa ruela de Eminörü, conversando num grego arranhado com um rapaz muito engraçado pelo caminho. Este rapaz prometeu me levar a um lugar realmente novo.
Caminhamos conversando o tempo todo. O rapaz não queria que eu prestasse atenção no caminho e eu, confiando plenamente nas suas boas intenções, resolvi entrar no jogo e continuar engajado naquela conversa sem fim, não dando muita bola por onde passávamos.
Depois de caminharmos por muito tempo o rapaz parou bem em frente a uma loja carregada de cheiros que variavam do ácido e sulfuroso ao acre amargo, que podiam ser sentidos pelo nariz e pela boca ao mesmo tempo. Tudo misturado ao incenso forte que queimava sem parar no balcão.
O rapaz avaliou por um tempo os temperos, sempre mexendo em vidros e pacotes que estavam à mão, até que surgiu de trás das prateleiras um homem atarracado de pele escura e muito, muito velho.
Ambos ficaram em total silêncio até que o homem velho olhou para mim. O jovem prontamente interveio falando algo em persa que meus conhecimentos lingüísticos não permitiram entender.
Dialogaram um pouco naquela língua antes do rapaz afirmar jovialmente (ainda bem, novamente em grego) para mim: “Este senhor das especiarias vai levá-lo à sua loja agora!”.
Caminhamos novamente pelas ruas mais curiosas da antiga cidade amurallada sem trocar palavra, até chegarmos ao que parecia uma casa muito simples.
Ele apontou para mim uma porta lateral do que parecia um ambiente anexo mais antigo que a própria casa. Entrei no quarto com as luzes apagadas enquanto o homem dizia algo para o rapaz, que ficou do lado de fora.
Entrou e caminhou para trás de um balcão de madeira que consegui delinear pela luz da porta da rua, que ficara entreaberta. Quando terminou de acender as três velas no lado esquerdo do balcão pude ver uma grande quantidade de jarros e potes num estilo bizantino, um romano tardio, que deixariam qualquer curador de museu com inveja.
Foi então que o homem se dirigiu a mim pela primeira vez, falando em grego:
- Esta é a loja das especiarias mais incrível de toda Fatih. Talvez de todo o mundo! – Com uma risada gostosa ao terminar a frase. - Aqui você pode escolher as especiarias que mais precisa na sua despensa. Mas é importante que escolha com muita atenção, pois você só pode levar 3 especiarias de uma vez, já que são todas muito raras!
Pensei que fosse algum tipo de brincadeira, mas aquelas peças de arte não podiam fazer parte de um simples joguinho. Notei que não havia nenhuma identificação nos potes.
- Mas quais especiarias posso encontrar nestes postes? – Indaguei ainda pensando como tudo aquilo parecia uma brincadeira que me faria perder ainda mais tempo do que esperar pelo vôo no aeroporto.
- Nestes potes estão todos os temperos que você precisa para melhorar seus pratos. Pode fazer grandes banquetes para seus amigos e família! – Disse com mais uma gostosa risada ao final que, junto com as velas, deixava seu rosto quase infantil.

Ficou parado, esperando que eu reagisse de alguma forma, falasse algo ou tomasse alguma atitude. E, por ter imaginado isso, resolvi agir.
Abri um grande pote que se encontrava bem na minha frente, ao alcance das mãos. Não vi nada ali dentro, estava aparentemente vazio.
Ainda sorrindo o homem olhou para mim e fez um gesto de aproximação, apontando para o pote vazio.
Cheguei meu rosto bem perto do pote e dois segundos depois senti um aroma que dominou todo o ambiente. Um cheiro muito suave de ar fresco, levemente cítrico e doce invadiu minhas narinas. Imediatamente meus lábios se esticaram preguiçosamente num profundo sorriso de satisfação.
Levantei o rosto e percebi assustado que o homem parecia trinta anos mais jovem.
- Este pote está ao alcance das suas mãos para que nossos visitantes não se assustem ao conhecer nossas especiarias. Este é o pote da juventude, que traz ao coração todas as belezas e delicias de viver e ao corpo uma boa dose de vitalidade. – respondeu o homem a todas as perguntas, mesmo sem eu ter perguntado nada.

Percebi então que estava num lugar especial. O homem havia coletado naqueles potes todos os temperos de que nossas vidas necessitam.
Só não sabia o que mais poderia encontrar...
Questionei, por segurança, mesmo imaginando que aqueles potes sem nome deviam ter um propósito:
- E como posso saber qual pote devo escolher para conseguir o que me falta na vida?
- Posso lhe revelar o conteúdo de mais um dos potes, se quiser. – respondeu o homem com um olhar misterioso.
Pensei muito bem sobre qual tempero mais faltava na “minha despensa”. Pensei por muitos minutos enquanto o homem polia um dos potes que estavam no balcão.
Considerei que poderia conquistar beleza, alegria ou paixão sem fim naqueles potes. Não encontrava em mim um consenso sobre quais sentimentos seriam mais importantes.
Como não chegava a nenhuma conclusão, resolvi buscar um tempero que pudesse me ajudar a escolher bem os dois próximos:
- Por favor, o senhor pode me apontar onde está a sabedoria?
Foi então que o homem parou de polir o pote. Com um sorriso ainda mais largo retirou sua tampa e esticou o braço por cima do balcão.
- Apenas um homem sábio consegue fazer a melhor escolha em detrimento de todas as outras necessidades. Aproveite sua sabedoria, pois ela lhe revelará o conteúdo de todos os outros potes.
Aspirei o conteúdo daquele recipiente com satisfação, enquanto percebi que prontamente todos os outros potes começavam a fazer sentido para mim. A alegria estava bem ao meu lado, porém no alto de uma prateleira, onde minha vista não podia alcançar sem algum esforço. A fortuna estava num pote dourado, bem no fundo do balcão, num lugar difícil de chegar. Todos os demais potes estavam devidamente arrumados de forma a facilitar ou dificultar o acesso aos seus conteúdos.
Foi então que voltei os olhos para o homem e perguntei:
- Por que não consigo escolher o melhor dentre todos estes temperos maravilhosos?
Com muita calma e com o sorriso constante no rosto o homem revelou o que parecia ser um segredo para mim:
- Depois de experimentar a sabedoria você pode escolher qualquer tempero da minha loja, pois foi assim que também me tornei o senhor das especiarias. Sua escolha foi sábia e refletida, porém você vai perceber que qualquer tempero que escolher excluirá todos os outros que também são essenciais.

E foi assim que decidi deixar aquela loja sem levar qualquer outro tempero além das já experimentadas jovialidade e sabedoria, pois ambos pareciam manter o corpo e a mente na sua melhor forma.
Saí da loja com o homem ao meu lado. Ele estava mais jovem e me explicou pelo caminho que assim mantinha sua loja aberta desde os tempos mais remotos do império bizantino, sempre procurando novas especiarias pelo mundo.
Eu estava também renovado e agora podia ver Istambul com novos olhos, sem deixar de ser eu mesmo. Era como se a sabedoria dos anos tivesse passado como uma brisa pela minha vida.
E realmente tinha.
Ao chegarmos à loja no Bazar Egípcio o jovem estava lá, esperando para levar-me de volta ao aeroporto.
Antes de sair o senhor das especiarias estendeu a mão, oferecendo-me um frasco transparente que mesmo à sombra do bazar, parecia muito cristalino. Em suas últimas palavras antes de sumir atrás das prateleiras ele disse sorrindo:
- Cada um leva da minha loja tudo o que necessita. Por isso aceite como um brinde este frasco de amor próprio, que sempre o lembrará que minha loja estará por aqui. Esteja você onde estiver!

Segui o rapaz até o aeroporto em silêncio, enquanto refletia sobre todas as maravilhas que estava deixando para trás e nos tesouros que levava agora comigo.
Embarquei pensando finalmente que todos aqueles potes mágicos possuem, fechados, um conteúdo muito maior do que cada frasco traz dentro de si:

Eles nos fazem refletir profundamente sobre a nossa despensa e tudo o que ela necessita.

Decididamente Istambul é um lugar mágico como nenhum outro!

quarta-feira, julho 28, 2010

Dos Dias

- Encontrei este texto numa folha solta pelas minhas coisas. Data de 06 de maio de 2004 e traz recordações de um momento muito interessante pelo qual passei. Um momento de mudanças que muito se assemelha aos dias de hoje.
- É um poema bem pausado. Como que escrito por alguém que sente muita dor, mas insiste em escrever assim mesmo. Ode à esperança, talvez? Talvez. Mas realmente não me lembro.
- Se fosse escrito hoje, seria.

Mais outro ano veio
Mais mudanças
Apesar de estarmos ao cabo
Da metade do ano
E das mudanças

Retiro do meu coração
Velhos espinhos
Que me dóem
Não ao retirá-los
Mas pelo vazio que deixam

E novos espinhos
Que penetram
E causam dor
Causam medo
Ao lembrar

Do dia
Em que serão retirados
Dos dias
Que me serão retirados

quinta-feira, julho 22, 2010

Velho Amigo

Nos dias de hoje pode ser uma ligação, um torpedo, mensagem na Internet, um bate-papo, uma breve nota, enfim, um gesto de reaproximação.

Mas receber notícias de bons e velhos amigos, pessoas que fizeram parte das nossas vidas e ajudaram a nos construir, é um momento saboroso como poucos!

Sentir um pequeno afago de mãos e vozes que já foram tão próximas e, como diria um verdadeiro amigo meu, “agora estão longe... não distantes! Apenas longe!” é um prazer totalmente diferente nessa vida.

A distância pode acabar com muitas coisas rasas. Mas os laços verdadeiros são tão complexos que nem mesmo o tempo, com toda sua tranqüilidade habilidosa e paciência, é capaz de desatar de vez.

Quando encontramos aquele camarada que não vemos faz 5 ou 10 anos, ou seja lá o tempo que for, o cumprimento que é o mesmo, os papos não mudam e as histórias não se cansam de serem contadas e recontadas a torto e a direito. E o melhor de tudo são as gargalhadas! Podem até mudar de formato e tom, mas ainda estão lá. Guardadas do mesmo jeito de sempre.

E não é a mais pura verdade que as amizades valiosas não mudam?

Já diria Kim Hubbard: “amigo é aquele que sabe tudo a seu respeito e, mesmo assim, ainda gosta de você.”

Nem de longe é possível substituir. Não se pode substituir por amores, por sonhos realizados ou nada parecido.

A amizade é um gesto: O gesto de compartilhar, aliado ao desinteresse das ações e ao bem querer.

Há ainda quem diga que é maior e mais forte que o próprio amor. E eu não ousaria duvidar disso, afinal os casais mais felizes que conheço são, essencialmente, bons amigos.

Foi por isso que escrevi este texto assim: Simples, descomplicado, sem começo, meio ou fim. É apenas um relato. Um relato que constrói, como uma amizade.
Uns reencontros de palavras que há muito não se vêem nas relações rasas do cotidiano. Palavras como desprendimento, respeito e companheirismo.

São palavras que não perdem o sentido nunca! As pessoas podem envelhecer, os corpos podem mudar, as vozes, cheiros, sentidos... mas a amizade é sempre jovial.

É a verdadeira fórmula da juventude.

Pois velhos amigos não ficam velhos nunca. Assim como nunca serão simplesmente amigos!

segunda-feira, julho 19, 2010

A "Cesta Básica" e o "Efeito Dory"

Administrar a felicidade não é algo fácil. Mas saber o momento de evitar e o de levar a sério o “efeito Dory” é um ponto importante nessa busca.

Sabemos que não existe apenas uma variável para a felicidade, apesar de às vezes parecer. Mas o conjunto da obra é intencionalmente complexo de calcular. Imagino isso por que as coisas que nos fazem felizes mudam a cada ano, mês, dia ou hora.

É comum termos um grande leque de opções para avaliarmos quando calculamos a felicidade, como a saúde afetiva (relacionamentos), financeira, física, mental, profissional, etc.

O mais óbvio é que o equilíbrio entre todas as opções pareça a solução mais saudável para manter a alegria morando ao lado. Seria esta a “cesta básica” da felicidade.

Como somos simplesmente humanos, a tal “cesta básica” pode ser confortável, mas ainda não é o ideal. Buscar sempre um pouco mais de felicidade é a meta de todos nós.

E é justamente essa possibilidade de buscar o “algo mais” que nos torna interessantes para nós mesmos.

Mas é perceptível que, vez por outra, a opção mais distante ou trabalhosa torna-se o pivô de toda a felicidade. Estar em débito com os relacionamentos pode trazer uma amargura difícil de lidar. O mesmo acontece quando a conta do banco fica insistentemente martelando a nossa cabeça por um ou mais meses, principalmente quando aquela meta desejada não foi alcançada.

Cobranças, cobranças e mais cobranças.
Aí fica difícil se convencer ser feliz no curto prazo.

É muito comum aparecer aquele sentimento de carência afetiva quando algo que desejamos muito ficou um pouco mais longe. E ai de quem tentar me desmentir sobre o pensamento que vem acoplado com qualquer tipo de carência: Se alguém disser “calma que você vai conseguir logo” eu juro que empurro do abismo!

Pois é... foi-se também a autoestima, junto com boa parte da cota de credibilidade que você tinha de você mesmo. E como isso é chato.

Nessas horas, quando as outras pessoas não sabem o que dizer, entra em ação o efeito Dory que, na melhor das intenções, atrapalha um bocado: “Não se preocupe! Tudo vai acabar bem.”

Não é lá muito reconfortante ser sincero e assumir que o outro esteja chateado: “Putz, que chato! Estou torcendo, mas entendo seu nervosismo sim”. Pelo menos procuro não chamar ninguém de idiota na cara dura, nem dou uma de Polyana distribuindo alegria ao mundo.

Em momentos como este acho mais saudável recolher a trouxinha e dar tempo para si e para os outros. Nada como passar por todas as fases, da raiva à aceitação, para voltar à ativa. Novinho em folha!

Ajudar a levantar e ficar de pé a qualquer custo pode ser importante quando o caminho para conquistar o objetivo é longo, mas tire seu tempo quando precisar. Também dê tempo aos outros quando for preciso.

Sabendo que é muito, mas muito difícil mesmo, recobrar aquela cota de confiança em si, não duvide que fomos feitos para passar por poucas e boas nessa vida.

Mesmo que seja passar por cima!

terça-feira, julho 13, 2010

Elementos das Paixões

Há algum tempo trago comigo a idéia de escrever um livro ou uma série de textos sobre paixões.

Sempre que penso em paixões e sentimentos gosto de fazer paralelos com os elementos naturais.

Acho que depois de ler muitos livros de autores orientais e estudar religiões primitivas, assuntos que sempre me chamaram atenção, desenvolvi esta forma ligeiramente mitológica de abordar e organizar o assunto na minha cabeça para fazer paralelos com as minhas relações. Isso me ajuda a resolver problemas e entender conflitos pessoais.

Trato os sentimentos como seres, que chamo de Gênios, com personalidades que emanam (ou representam) conjuntos de sentimentos. Eles vivem num ambiente lógico e racional, que chamo de Mundo Elemental.

Como nos últimos dias venho fazendo vários paralelos destes, resolvi colocar dois textos sobre dois Gênios bem distintos e bem conhecidos, Fogo e Água, e também um texto onde relaciono-os.

No caso do livro, penso escrevê-lo em narrativa. Mas achei interessante escrever estes textos em poesia, pois tenho facilidade em caracterizar personagens dessa forma e a poesia ajuda o leitor a se “encontrar” nos personagens com mais facilidade e rapidez.

Gostaria de saber se algo assim interessa as pessoas, pois este projeto é um dos muitos que trago comigo faz alguns anos para colocar em prática.

Quem sabe?

O Fogo
A Água
O Ar
A Terra
Fogo e Água
Água e Ar
Ar e Terra
Terra e Fogo

O Fogo

No mundo Elemental há um ser de volúpia e calor
O fogo que emana da terra e consome o ar
Que se alimenta com vigor do futuro

E das coisas vivas e não vivas

Para as primeiras trouxe a inteligência do Homem
De resto, queimou durante guerras e paixões
Foi primordial arma de defesa das civilizações
E abriu o caminho do progresso a qualquer custo

É a chama que manifesta profundos desejos
A conquista do espaço e do desenvolvimento
É o fogo olímpico que queima representando gerações

Grande aliado das manifestações e do tempo

Não há maldade ou bondade no fogo
É um elemento enraizado nos sonhos
Natural e espontâneo
Gênio de grande heroísmo ou perversidade

O mesmo que destrói, protege a vida.

A Água

No mundo Elemental existe tal fluído
Que vem desde as montanhas até os mares
Não segue caminho traçado, mas o caminho certo

É justa e imparcial

Ao mundo permitiu a vida
De todos os elementos é o único vital
É dinâmica em seu equilíbrio a qualquer custo
Recusar seus encantos é um erro irrefutável

É o banho fresco que acalenta corpo e alma
Une o Homem a seu estado primitivo
Se represada permite larga evolução

Seguindo seu curso dá o caminho natural

Não há quem não dependa da água
Como deusa controla todos os elementos
É a principal redentora de toda a vida
Um gênio hídrico de poder ilimitado

Suprema na cadeia Elemental.

Fogo e Água

No mundo Elemental existem dois seres que se amam
A Água que corre e se espalha pela vida
E o Fogo da carne e do desejo quase fatal

Uma união tão impossível de imaginar

Ao mundo a primeira trouxe a vida
E o segundo a inteligência e sabedoria
Mas para quem acha que a relação é inimiga
Não conhece os Elementos de verdade

A Água é o equilíbrio da natureza
E o Fogo é o desejo desleal
Mas de ambos lados pende a balança da vida

Corações que se entrelaçam no final

O Fogo não domina sua fúria
E seu desejo de alterar o mundo é essencial
Mas a Água sabe o segredo de toda a vida
E acalma o Fogo com seu toque imparcial

Com a fúria que conquista importunos mundos
O Fogo arde e abre espaço para o novo
Renovando a cada dia o que é findo
Então vem a Água e regenera desde o osso

E deste amor indivisível nasce o equilíbrio Elemental.