segunda-feira, março 26, 2012

Entrevista sobre Empreendedorismo

Empreender não é uma arte nem qualquer forma de mágica.
É possível para qualquer pessoa.

Fui convidado para a entrevista abaixo pelo Gustavo Carneiro, do Blog Relações, como abertura da série "Papo Empreendedor".

Ficou muito bacana, o aúdio está excelente, e tem muitos dos conceitos que acredito sobre gestão de negócios e pessoas.



Espero que gostem! :)

Link original da entrevista: http://www.blogrelacoes.com.br/2012/03/primeira-entrevista-do-papo-empreendedor-eilor-marigo/

quinta-feira, março 08, 2012

As Decisões Femininas

   - Escrevi este texto em 2008 para um Blog sobre gestão. Apesar de meio antigo, acho estas palavras e anseios muito atuais. Então vamos comemorar este Dia Internacional da Mulher com meus parabéns e com mais um pouco de debate. Parabéns mulheres!

     Estive lendo esses dias um texto da Anna Fels, na Harvard Business Review, sobre o posicionamento das mulheres no mercado de trabalho e, por consequencia, sobre os efeitos na sua vida pessoal.

Já faz algum tempo que procuro uma forma não machista de tocar no assunto, já que por ser do sexo oposto falar sobre o isso torna-se extremamente delicado. Mas sendo este um Blog que tem como função básica ser um espaço para colocar opiniões e ser questionado, decidi fazê-lo.

O fato deste assunto ser, por si só, um tabu, me mostra que algo já começa errado. Afinal por que temos que ser cheios de dedos para discutir a atuação feminina no trabalho?

Na minha visão as empresas ganharam muito com a entrada das mulheres no mercado de trabalho e continuam a ganhar em relação a aspectos muito atuais, tais como a humanização das corporações, o desenvolvimento de novos modelos de gestão de funcionários, priorização dos aspectos humanos, dentre outros tantos benefícios.

Para mim esta nova face das corporações, com aspectos mais humanos, mais tangíveis, e sua preocupação para com o contato com os clientes representa a cara da mulher no mercado de trabalho.

Explico. Não é novidade encontrar mulheres no ambiente de trabalho, isso todos sabemos e podemos ver até mesmo nos filmes da época da vovó, onde o figurão tinha uma secretária bonitinha, com jeito de boneca. Porém a ascensão feminina aos altos cargos em empresas das mais diferentes áreas é algo relativamente recente, digamos que tenha ganhado evidência nas últimas duas ou três décadas.

Acredito que esta ascensão esteve diretamente ligada à necessidade das empresas de se tornarem mais humanas. A capacidade de conhecer as pessoas e de enxergar horizontes muito amplos nas questões de relacionamento com clientes e empregados (que inclusive se tornaram colaboradores) trouxe ao mundo focado e centralizado dos negócios masculinos a possibilidade de evoluir e alcançar maior eficiência na relação interpessoal, seja o público interno ou externo.

Foi neste momento, quando estas corporações viram que seus produtos começavam a perder espaço para concorrentes menores que ofereciam artigos personalizados ou para grandes marcas que investiram em sua imagem, que o mercado iniciou uma busca incansável por algo que parecia impossível para uma simples e repetitiva fábrica de jeans: o diferencial.

Não vou abordar os motivos dessas mudanças profundamente, já que temos tantos livros e tantos autores escrevendo sobre a Internet, a ampliação dos mercados, os investimentos multinacionais, dentre tantos outros. Mas vamos focar na entrada da mulher no mercado, o que, para mim, foi um dos fatores chave encontrado pelas empresas para acompanhar todas essas mudanças.

Não tiro o mérito feminino nisso de forma alguma, pois elas entraram no mercado pela porta da frente e assumiram cargos como diretorias, coordenadorias e quantas não se tornaram empresárias de sucesso! Mas o fato é que, não importa o sexo, estar no lugar certo e na hora certa é muito importante para quem consegue enxergar boas oportunidades e acredito que nesse ponto as mulheres escolheram o momento exato para pular de cabeça no mercado de trabalho.

As empresas estavam desesperadas e não conseguiam entender como seria possível conseguir controlar funcionários cada vez mais qualificados sem criar milícias em prol de melhores condições e maiores salários dentro de suas próprias baias, além de desenvolver estratégias de marketing para tantos públicos diferentes de uma vez, incluindo pessoas do outro lado do mundo. E foi aí que o poder organizador e multifuncional das mulheres entrou em ação, subjugando a centralização e a síntese masculina em muitas das decisões dentro das empresas.

É neste ponto que vejo a mulher como a verdadeira ponte para as empresas do século XX na verdadeira migração para o século XXI. Não como substitutas das funções dos homens, nem mesmo como concorrentes, mas como alguém que chegou para organizar este mundo todo diferente que se desenha ainda hoje perante as organizações.

Cuidar sempre foi o verbo feminino, assim como conquistar é o masculino. E não vejo como uma afronta dizer que as mulheres sabem muito bem administrar grandes mudanças, assim como faziam e ainda fazem na criação e educação das crianças, sejam elas filhos, clientes ou equipes de trabalho que fervilham de informações, questionamentos, novas opiniões, desejos e, principalmente, medo do novo.

E, para mim, este foi o marco nas mudanças deste século dentro das empresas masculinizadas, com suas visões objetivas e focadas na produtividade.

De um lado estão estas empresas que necessitam de profissionais com visão horizontal para dividir e organizar esse mundo de informações que o planeta terra se tornou. (Para entender melhor, olhe para o organograma da sua empresa hoje e compare com outro de 3 anos atrás). Do outro, as mulheres sedentas pela emancipação cultural, profissional e financeira estavam no lugar e na hora certa, com a faca e o queijo na mão! E a junção dessas duas frentes deu tão certo que elas entraram no mercado causando pavor nos homens, que no íntimo sentiam-se - ou semtem-se! - ameaçados.

Mas tudo foi uma necessidade tão natural do mercado deste século, que hoje tenho a absoluta certeza de que vamos atingir um equilíbrio óbvio entre a visão horizontal da mulher e a força vertical do homem sem maiores conflitos, não com a função de substituir um pensamento antigo, mas de acrescentar uma característica essencial a ele num momento muito oportuno.

Em contrapartida, voltando ao texto da Anna Fels, discordo em grande parte dele, pois trata-se de mais um manual que explica por “A” mais “B” que as mulheres não devem se sentir culpadas por se tornarem executivas e marginalizarem a vida pessoal, já que esta foi uma conquista de sua emancipação.

Vou colocar aqui uma passagem dele, intitulado “Falta Ambição às Mulheres?”, que gostaria de questionar: “Para serem vistas como femininas, as mulheres negam seu lado ambicioso, abrem mão do próprio reconhecimento e, pior ainda, abandonam seus sonhos”.

E quem foi que definiu que a vida feminina ou masculina agora tem que se resumir a uma reciclagem da geração yuppie, buscando satisfação profissional e o primeiro milhão acima de tudo e de todos?

Acredito sinceramente que as mulheres conquistaram algo importante no último século, que vai além do direito de escolha, da igualdade de opiniões e do respeito. As mulheres iniciaram a corrida pelo equilíbrio em relação aos homens.

Agora acredito que chegou a hora de buscar o equilíbrio entre a mulher e ela mesma: Pessoal e profissional, sem culpa e sem cobrança.

Vejo atualmente tantas mulheres se constrangendo na frente dos colegas para dizer que decidiram largar o emprego, trabalhar meio período ou abrir um pequeno negócio para ter mais tempo para a casa e para os filhos. Cheguei a presenciar um grupo de mulheres fazendo troça sobre a maternidade, dizendo que filho toma muito tempo e dá trabalho, caçoando mulheres que se dedicam ao lar. Será mesmo necessário tudo isso para mostrar que a mulher não é mais a boneca dos filmes da vovó, afinal estamos falando sobre direito de escolha, certo?

Este para mim é um dos principais conflitos, não apenas da mulher moderna, mas do casal, que reluta em acreditar que cuidar da casa é uma opção viável já que existe a opção de trabalhar exaustivamente e isso parece mais correto e digno.

Neste sentido, quando sou questionado a respeito, minha resposta é: Você deve fazer o que te deixa feliz. Se ter um filho é a realização da sua vida, o parceiro ou a parceira devem apoiar, como um casal verdadeiro deve apoiar os desejos um do outro.

Quando sou questionado sobre o assunto, afirmo que como parceiro minha função é apoiar e dar condições, seja qual for a decisão. E ainda digo que se o desejo for, por exemplo, abrir um negócio próprio para poder ter mais tempo para os filhos, ajudaria a fazê-lo com muito orgulho, da mesma forma que sentiria orgulhoso ao me relacionar com uma executiva de sucesso ou uma mãe de família.

Por acaso alguém se oporia ao parceiro se ele escolhesse dedicar mais tempo à família? Seria um tanto estranho acredito eu, não importa o sexo.

Por fim, acredito que as conquistas das mulheres foram mais um passo importante na busca pela igualdade dos sexos e que a única coisa pela qual vale a pena brigar nessa vida é pela busca de objetivos que nos tornem melhores e mais felizes.

E às mulheres, parabéns por suas conquistas que se mostram mais uma das grandes e boas revoluções da sociedade. Toda mudança faz diferença nas nossas vidas, mas as mudanças que são realmente importantes fazem a diferença também na vida das outras pessoas.

E parabéns também pelo seu dia! :)