Hoje encontrei na Internet uma informação da qual duvidei prontamente:
“Deus é desnecessário para explicar a criação, diz Hawking.” – Estadão.com.br
Sinceramente eu, como alguém que leu livros do Stephen Hawking e está sempre ligado nestes assuntos, recebi com muito pé atrás a informação. Justamente ele havia dito tal coisa?
Fui procurar outras fontes:
Terra Notícias - Stephen Hawking: Deus não tem mais lugar na criação do universo
O Globo - Stephen Hawking afirma que não há lugar para Deus na teoria da criação do Universo
Yahoo Notícias - Stephen Hawking: Deus não criou o universo
Folha.com - Stephen Hawking dispensa Deus na origem do Universo
Logo abaixo de cada uma destas notícias vocês encontrarão um bando de gente metendo o pau no cara ou comemorando a “vitória da razão sobre a religião”.
Ainda incomodado com isso fiz o que sempre faço quando desconfio desse tipo de informação: fui buscar a informação original, na língua original e nas informações do próprio autor.
Encontrei algo AQUI, nas palavras do autor, escritas em seus livros.
Ele disse: “What I have done is to show that it is possible for the way the universe began to be determined by the laws of science. In that case, it would not be necessary to appeal to God to decide how the universe began. This doesn't prove that there is no God, only that God is not necessary.” [Stephen W. Hawking, Der Spiegel, 1989]
Minha tradução: “O que eu fiz foi mostrar que é possível que, pela forma como o universo começou, tudo tenha sido determinado [desde sempre] pelas leis da ciência. Neste caso, talvez não tenha sido necessária a intervenção de Deus para decidir como o universo começou. Isso não prova que Deus não existe, apenas que ele não é necessário [falando especificamente durante a formação do universo].”
Ou seja, entendo que ele NÃO afirma que Deus não existe. Hawking diz que o universo desde sempre operou sob as leis da física e que seu início foi tão natural e espontâneo quanto a sua realidade hoje. Não quer dizer também que Deus não tenha dado o pontapé inicial na criação do universo. Se ele fez mesmo isso, então apenas o fez dentro das leis da física, ou seja, a física também pode ser considerada instrumento dele na criação.
Mas não vou ficar me debatendo nos argumentos. Acho engraçado ver como as ciências e as religiões falam quase o tempo todo das mesmas coisas, investigam os mesmos assuntos, nasceram na sociedade no mesmo período e, mesmo assim, não se suportam. E que fique claro aqui que não prego nem por um nem pelo outro, mas acho muito hipócrita a posição de ambos.
Por que Deus não teria seguido (ou criado) as leis da física para tornar possível a vida na Terra ou em qualquer outro lugar do universo?
Só por que é necessário à ciência desmistificar o mundo, não quer dizer que seja obrigatório tirar toda a razão da religião. Da mesma forma, a religião considera conceitos científicos heresia, mesmo acreditando na criação. Oras, se Deus criou tudo, vocês acham que as leis da física também não foram arquitetadas por Ele?
Qual é a vantagem dessa briga mesquinha ciência versus religião que não chega a lugar algum e só atrasa o que realmente é importante: a evolução da sociedade?
Vocês queiram ou não, o mundo precisa de filosofia tanto quanto de cálculos. A ciência nos dá naves para avançar pelo o futuro, enquanto a religião nos dá o mapa para chegar lá com equilíbrio.
O mundo precisa de tolerância! Agora mais do que nunca.
Como diria o cientista e fervorosamente religioso Albert Einstein, “A ciência sem a religião é paralítica. A religião sem a ciência é cega; e quanto mais estudo a ciência e a física, quanto mais eu procuro soluções, mais acredito em Deus.”
Pois é, Einstein, triste época essa em que vivemos. É mais fácil desintegrar um átomo do que um preconceito!
*Não deixarei claro neste texto se acredito ou não em Deus, se tenho fé apenas na razão da ciência ou totalmente cético sobre tudo isso de propósito. O que me intriga é a falta de resultados positivos que estas duas instituições mesquinhas geram ao brigar pela razão... ou pela falta dela. Dessa forma a ignorância parece mesmo uma bênção.
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