Eram 27 saltos entre um andar e o outro. Ouviram-se os tiros desde o corredor.
O intrigante céu azul que cortava o horizonte parecia não combinar com a situação, enquanto o elevador panorâmico avançava.
Nada mais se ouvia.
O suor escorria da têmpora ao queixo, deixando a desagradável sensação de medo subjugar a leveza com que tentava segurar a arma.
Avançou pelas portas abertas, descobriu os cômodos e lançou a cabeça pela janela, procurando.
Foram oito minutos de tensão e pressa. Foram oito minutos de controle. Aos nove viu o buraco na parede, logo antes do corpo. No chão. Ajoelhou-se e chorou.
Sentiu então o perfume do ódio.
Gritou em pensamento.
Retornou ao elevador rumo ao solo firme, fechando as portas de outro sonho.
Nasceu assim o leitor de 19 anos em Santos, São Paulo, que decidiu nunca mais deixar os livros quando percebeu que sua imaginação poderia levá-lo tão longe.
Um comentário:
este é, provavelmente, um dos seus melhores textos.
abraço.
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