Existe em algumas pessoas um apanhado de gestos que cativam.
É forma gentil de falar, movimento leve e suave das mãos e o olhar firme que fazem destes um porto seguro para os olhos.
Não é necessário ser rico ou poderoso, mas possuir este conjunto de gestos de fino trato que tanto cativam a quem se aproxima.
Acho bonito verificar a desenvoltura dos olhares atraídos pelas pessoas de fino trato. Não é aquela mesma absorção que possuem os poderosos ou importantes, mas algo que vai além. É uma sedução elegante e imponente que parece possuir um perfume muito próprio, que nem mesmo as flores alcançariam jamais.
Observo com prazer respeitoso pessoas que possuem, cultivam e doam esta sensação aos outros. É bonito e é valioso como só.
O fino trato também está nos objetos, nas palavras e nas escolhas. Nos sons e nas cores de tudo que é classicamente belo. Naquilo que perdura anos e vence a concorrência das novidades, entregando-se apenas ao que é verdadeiramente bom.
Trata-se de um gosto requintado por ser verdadeiro e não obrigatoriamente forte. Pelo contrário, é suave, macio, sensível como água numa taça de cristal.
De tão perfeitamente belo é também misterioso e faceiro como máscaras em um baile. É este fino trato, que muitas vezes se esconde sob camadas de robustez sólida.
Gosto de falar desse sentimento quando observo alguém que simplesmente o possui. Não por que assim o deseja ou que o tenha conquistado com o tempo, mas por que recebeu em algum momento esta coerência irracional.
Gentileza que experimento alguns dias com os olhos. Noutros empunho despretensiosamente com palavras.
Este belo e fino trato.
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