segunda-feira, maio 10, 2010

Alegria Branca

Existe uma alegria que descobri em mim e que ninguém é capaz de devolver.

É uma tal cor nos olhos que fascina e dá uma vontade imensa de estar ali. Essa é a alegria branca que tenho. Aquela que me faz levantar correndo de madrugada ou aparecer do nada. Que socorre todos os sentimentos seus, sem compromisso com a realidade.

É um pouco daquele meu lado que gosta de surpreender e de surpresas que se vão e nunca voltam. Um sentimento que me dá de graça, sem pedir, e me deixa o coração faminto.

Mas descobri por esses dias que não há novidade na minha alegria branca. Eu sempre tive essa alegria de viver as coisas, os momentos, os sentimentos e as pessoas. Mas percebi também, faz muito tempo, que existe um mal nisso.

A alegria branca que contagia também dá fome de sentimentos.

E quem dela padece não se cura, pois é rara e não se encontra assim, ao vento. Quase não há nos amigos ou na família, nos irmãos e namorados. Dos amantes passa longe e não inverna. Para quem se entrega torna-se algo incurável.

Traz uma vontade imensa de participar e é por isso que a alegria branca parece tão bonita. Algo difícil de curar com meros sentimentos, que exagera nas pessoas e as vicia a buscá-la nas relações. Faz esperar muito tempo por alguém que troque e alivie esses pensamentos. É causadora dos corações infestados de revolta solitária, que não nos devolve aos sentimentos tradicionais, jamais.

Na maioria das pessoas ela se deposita nos olhos e só pode ser observada pelos outros, nunca entendida por quem a carrega. Em mim resolveu alojar-se no coração. Por isso já compreendi que os olhos dos outros, cheios de alegria branca indolor, se cruzam e se aliviam. Como é normal acontecer.

É uma alegria saudável e doente, que carrego no lugar errado, e que não encontrarei fora dos olhos de mais ninguém. Não que me impeça de ser feliz, de forma alguma. Muitas vezes essa alegria branca também pode ser muito boa para os olhos alheios, mesmo enquanto eu a carregar no coração.

Mas como olhos e corações não se cruzam nunca, o que será do meu coração?

Um comentário:

Anônimo disse...

Marigo querido,
E mais uma vez vc escreve coisas do coracao de maneira unica!

Me vejo assim e muito! =)
Bom saber q tem mais gente por ai....

Obrigada pelos momentos de prazer ao ler seus textos!
Beijo muito grande!

Cuide-se!
La