Vende-se coração reformado
Amplo e arejado
Com varanda virada para o sol
Pronto para morar
Vende-se coração companheiro
Não quebra nunca
E não entra em desespero
Mas requer sangue aditivado
Vende-se coração roubado
Mecânica perfeita
Documento adulterado
Pode rodar, mas não é confiável
Vende-se coração usado
Não parou um segundo sequer
Já foi rodado e seqüestrado
Parece novo, mas é remendado
Vende-se coração marinheiro
Cada dia num porto
Sem voltar ao primeiro
Viajado, conhece o mundo todo
Vende-se coração bem vivido
Já passou por tudo na vida
Mas foi responsável e comedido
Procura dono menos caxias
Vende-se coração massacrado
Sofreu acidente recente
Foi amargamente dilacerado
Requer conserto e funileiro
Doa-se coração para transplante
A beleza dessa vida esta no livre arbítrio
Poder errar e tentar novamente
Viver bem vivido, leviano, caótico
Ter amores vagos e convívios
Que machucam na juventude
E outros curam e preenchem
Completamente na maturidade
quinta-feira, setembro 23, 2010
quinta-feira, setembro 16, 2010
"Se a criança tiver interesse, a educação acontece"
Escrevi aqui no Blog no mês de agosto um texto intitulado "Educação no Presente e no Futuro".
Este texto foi discutido no Twitter com colegas da área de coaching profissional e educação, por e-mail e também no meu grupo de Relações Públicas e Comunicadores no Linked In.
Depois de muito debate e informações trocadas, dois vídeos distintos recebidos no meu Twitter e no grupo de comunicadores me chamaram atenção pelas seguintes peculiaridades:
O primeiro vídeo foi uma entrevista de 1988 onde o cientista e ecritor Isaac Asimov discutiu a respeito da educação no futuro, prevendo num passado considerável diversas inovações tecnológicas, incluindo a Internet:
O segundo vídeo que recebi foi uma provocação interessante ao meu texto no Blog, onde o pesquisador indiano Sugata Mitra descobriu que crianças vivendo em povoados nativos, onde a educação formal é quase nula, eram capazes de aprender (e ensinar!) sozinhas sobre genética, biotecnologia ou teorias científicas complexas, bastando para isso acesso a um computador com Internet (informação) somado ao seu próprio interesse e curiosidade:
Para mim há pouco mais a ser dito sobre a educação no futuro além das palavras de Arthur C. Clark para o pesquisador indiano, após conhecer sua pesquisa:
"Se a criança tiver interesse, então a educação acontece."
E faço positivas as palavras de incredulidade do professor que duvidou da veracidade das pesquisas de Sugata: "Isso é bom demais para ser verdade!"
Se eles encontrarem a diversão da vida que é seguir sua própria vocação... que mundo fantástico teremos com o futuro da educação!
Dois Relógios
Na casa de um homem havia dois relógios.
Um deles fora construído em madeira escura e maciça. Fazia movimentos graves e rigorosos desde os ponteiros até o badalar das horas. E como estava naquela casa há muito tempo, autoridade maior nas horas não havia.
O outro era um relógio menor, porém não menos notável. De aparência pouco mais moderna e com mecanismo de movimentos suaves, era delicadamente decorado, além de infinitamente mais bonito.
Era impossível ao relógio maior, dada sua imponência e tamanho, merecer qualquer outro lugar da casa que não entre as salas de estar e de jantar. Enquanto isso o relógio menor encontrava-se fixado na parede, ao final do corredor dos quartos, sobre um maravilhoso aparador de marfim.
De forma alguma aqueles aparelhos competiam em sua casa. Não havia quem não notasse a presença das suas peças, seja pela imponência ou pela beleza.
Apesar de passar a maior parte do tempo despercebido com seus movimentos firmes e silenciosos, o relógio maior reforçava sua presença com o badalar das horas. Cada hora do dia fazia soar um volumoso big-bang das suas entranhas, que tornava a proeza de esquecê-lo uma tarefa impossível.
Enquanto isso o outro relógio, que não badalava, chamava atenção pela beleza das formas e, assim, atraia para perto todos que passavam pelo corredor. Esta atração era como uma armadilha, que de perto fazia ouvidos ao leve e agradável sibilar do ponteiro dos segundo que, suavemente, em compasso, rangia.
Naquela casa havia harmonia em todos os sentidos. E não seria diferente se não fosse um pequeno detalhe que perturbava o homem que lá vivia: não havia acordo entre os horários dos relógios!
Estando na casa há mais tempo o grande relógio de madeira já tinha suas manias conhecidas, incluindo a mais irritante: a pressa. Aquele relógio sempre adiantava alguns segundos durante o caminhar do dia.
Por este motivo o homem decidiu comprar um relógio novo. Não queria algum excessivamente moderno no estilo, pois precisava haver harmonia, mas um que compensasse nos seus mecanismos o descompasso do outro.
Assim surgiu na casa aquele novo relógio sobre o aparador de marfim, que não apenas resolveu a pressa do outro, mas fez muito mais que isso: atrasava os segundos na mesma proporção que o relógio antigo adiantava. Todos os dias.
No final da primeira semana, quando foi acertar o relógio antigo, o homem percebeu que não havia alguns poucos minutos de diferença entre eles, como era de se esperar, mas algumas dezenas deles!
A princípio o homem ficou desapontado. Seu problema parecia, finalmente, sem solução.
Como havia trocado alhos por bugalhos e não desejava comprar um novo relógio, o homem procurou pensar num jeito de resolver a situação.
Não havia mais harmonia na casa! Os relógios estavam descompensados!
Pensou durante muitos dias.
Sentia uma ponta de inveja toda vez que passava em frente à igreja da praça e olhava para o enorme relógio da torre, como sempre inquestionável.
Assim sucedeu até que o homem chegou à solução definitiva!
Se o relógio velho atrasava e o novo adiantava numa proporção similar, por que não ajustá-los perfeitamente conforme estas proporções?
Foi assim, com a solução mais simples de todas, que o homem tomou uma decisão acertada: Na primeira semana ajustou o relógio antigo de acordo com o novo. Na semana seguinte o relógio antigo estaria corrigido. Na outra semana, então, ajustaria o relógio novo conforme o antigo. E, mais uma vez ainda, na semana seguinte, o novo estaria corrigido.
Da diferença de ambos nascera um acordo: A média de horas certas, todos os dias, num ciclo interminável de ajustes repetidos.
Desde então nunca houve naquela casa sinônimo mais bonito de harmonia:
Os relógios que não se entendiam marcavam “horas certas” quase nunca. Mas, no final, juntos, anulavam seus erros e, semana após semana, se corrigiam.
Um deles fora construído em madeira escura e maciça. Fazia movimentos graves e rigorosos desde os ponteiros até o badalar das horas. E como estava naquela casa há muito tempo, autoridade maior nas horas não havia.
O outro era um relógio menor, porém não menos notável. De aparência pouco mais moderna e com mecanismo de movimentos suaves, era delicadamente decorado, além de infinitamente mais bonito.
Era impossível ao relógio maior, dada sua imponência e tamanho, merecer qualquer outro lugar da casa que não entre as salas de estar e de jantar. Enquanto isso o relógio menor encontrava-se fixado na parede, ao final do corredor dos quartos, sobre um maravilhoso aparador de marfim.
De forma alguma aqueles aparelhos competiam em sua casa. Não havia quem não notasse a presença das suas peças, seja pela imponência ou pela beleza.
Apesar de passar a maior parte do tempo despercebido com seus movimentos firmes e silenciosos, o relógio maior reforçava sua presença com o badalar das horas. Cada hora do dia fazia soar um volumoso big-bang das suas entranhas, que tornava a proeza de esquecê-lo uma tarefa impossível.
Enquanto isso o outro relógio, que não badalava, chamava atenção pela beleza das formas e, assim, atraia para perto todos que passavam pelo corredor. Esta atração era como uma armadilha, que de perto fazia ouvidos ao leve e agradável sibilar do ponteiro dos segundo que, suavemente, em compasso, rangia.
Naquela casa havia harmonia em todos os sentidos. E não seria diferente se não fosse um pequeno detalhe que perturbava o homem que lá vivia: não havia acordo entre os horários dos relógios!
Estando na casa há mais tempo o grande relógio de madeira já tinha suas manias conhecidas, incluindo a mais irritante: a pressa. Aquele relógio sempre adiantava alguns segundos durante o caminhar do dia.
Por este motivo o homem decidiu comprar um relógio novo. Não queria algum excessivamente moderno no estilo, pois precisava haver harmonia, mas um que compensasse nos seus mecanismos o descompasso do outro.
Assim surgiu na casa aquele novo relógio sobre o aparador de marfim, que não apenas resolveu a pressa do outro, mas fez muito mais que isso: atrasava os segundos na mesma proporção que o relógio antigo adiantava. Todos os dias.
No final da primeira semana, quando foi acertar o relógio antigo, o homem percebeu que não havia alguns poucos minutos de diferença entre eles, como era de se esperar, mas algumas dezenas deles!
A princípio o homem ficou desapontado. Seu problema parecia, finalmente, sem solução.
Como havia trocado alhos por bugalhos e não desejava comprar um novo relógio, o homem procurou pensar num jeito de resolver a situação.
Não havia mais harmonia na casa! Os relógios estavam descompensados!
Pensou durante muitos dias.
Sentia uma ponta de inveja toda vez que passava em frente à igreja da praça e olhava para o enorme relógio da torre, como sempre inquestionável.
Assim sucedeu até que o homem chegou à solução definitiva!
Se o relógio velho atrasava e o novo adiantava numa proporção similar, por que não ajustá-los perfeitamente conforme estas proporções?
Foi assim, com a solução mais simples de todas, que o homem tomou uma decisão acertada: Na primeira semana ajustou o relógio antigo de acordo com o novo. Na semana seguinte o relógio antigo estaria corrigido. Na outra semana, então, ajustaria o relógio novo conforme o antigo. E, mais uma vez ainda, na semana seguinte, o novo estaria corrigido.
Da diferença de ambos nascera um acordo: A média de horas certas, todos os dias, num ciclo interminável de ajustes repetidos.
Desde então nunca houve naquela casa sinônimo mais bonito de harmonia:
Os relógios que não se entendiam marcavam “horas certas” quase nunca. Mas, no final, juntos, anulavam seus erros e, semana após semana, se corrigiam.
terça-feira, setembro 14, 2010
O Especialista
Não sou especialista em nada.
Formei minhas mãos na faculdade e minha cabeça nos livros.
Vejo tanta gente que se autodenomina especialista nisso ou naquilo.
Gente que deseja apitar mais que os outros. Mais e mais alto.
Calma lá! Para mim não existe especialista melhor do que alguém que saiba procurar.
Não estou, assim, afirmando que não existam especialistas de fato. Existem.
São aqueles que vão além das grandes idéias. E que conseguem provar.
Mas por que essa necessidade de se autodenominar? De ser mais que os demais?
Já ouvi tanto especialista falar besteira.
Ou não falar nada para não se queimar, confundir as idéias.
Mas também ouvi tantas crianças terem grandes sacadas.
E ninguém sequer parar para escutar.
Especialista que não era humilde achava que sabia de tudo.
Aí resolveu que era hora de parar de aprender.
Seus conhecimentos estavam lá, como o mais belo castelo de areia na praia.
Até que uma onda de novidades atingiu o castelo e ele derreteu.
Já dependi de gente que nada sabia, mas que procurou até encontrar.
Gente que ajudou de verdade, não fez corpo mole.
Alguém que não é especialista, mas quer resolver.
E tenta, tenta, tenta, sem parar. Até conseguir.
E as dicas que tanto gostamos de distribuir?
Histórias e experiências de vida?
Dedos que teimamos apontar?
Somos todos especialistas?
Somos todos especialistas?
Particularmente gosto de me aprofundar nos assuntos. Simplesmente por que gosto.
Já estudei por conta própria filosofia e gastronomia.
Hoje meu endereço é a mecânica quântica e a teoria da relatividade especial.
E quem sou eu? Um especialista às avessas? Um generalista?
Tanto faz.
Não gosto de títulos ou pronomes.
Eilor está bom por enquanto.
Aquele que gosta de aprender e ser feliz. E ponto.
Tudo que sei é o inevitável.
Aquilo que todo mundo precisa respeitar:
Vida sem aprendizado é areia.
Se você construir um castelo com ela, qualquer onda pode levar.
segunda-feira, setembro 13, 2010
Ida e Volta
Momentos milagrosos estes que vivemos
Conhecemos pessoas que não nos conheceram
A cada segundo remando no mar
Da intensidade dos eventos que se sucedem
Antecipada seja a alma de todos
E de cada um
Das atitudes que buscamos nos outros
E que nós não temos
É de se esperar que a vida melhore
Todo santo dia
Mas que alguém encontre a cura das dores
Que apenas nós sentimos
O dinheiro vil é, em verdade, a vítima
Dos casais que se queixam do amor
E da saudade de uma vida que poderia
Mas não foi
Curioso este padrão de querer o que não se tem
Desejar o que não desejou
Amar algo que não alcançam as mãos
Por que assim não o está
Da pedra sobre pedra sem cimento
Das mazelas das paixões
E arrependimentos
Onde se entrega a torto e a contento
E este mundo que não perdoa
Da insatisfação
De ida até a beira do abismo
E da volta para onde tudo começou
Conhecemos pessoas que não nos conheceram
A cada segundo remando no mar
Da intensidade dos eventos que se sucedem
Antecipada seja a alma de todos
E de cada um
Das atitudes que buscamos nos outros
E que nós não temos
É de se esperar que a vida melhore
Todo santo dia
Mas que alguém encontre a cura das dores
Que apenas nós sentimos
O dinheiro vil é, em verdade, a vítima
Dos casais que se queixam do amor
E da saudade de uma vida que poderia
Mas não foi
Curioso este padrão de querer o que não se tem
Desejar o que não desejou
Amar algo que não alcançam as mãos
Por que assim não o está
Da pedra sobre pedra sem cimento
Das mazelas das paixões
E arrependimentos
Onde se entrega a torto e a contento
E este mundo que não perdoa
Da insatisfação
De ida até a beira do abismo
E da volta para onde tudo começou
quinta-feira, setembro 02, 2010
A Ignorância é uma Benção
Hoje encontrei na Internet uma informação da qual duvidei prontamente:
“Deus é desnecessário para explicar a criação, diz Hawking.” – Estadão.com.br
Sinceramente eu, como alguém que leu livros do Stephen Hawking e está sempre ligado nestes assuntos, recebi com muito pé atrás a informação. Justamente ele havia dito tal coisa?
Fui procurar outras fontes:
Terra Notícias - Stephen Hawking: Deus não tem mais lugar na criação do universo
O Globo - Stephen Hawking afirma que não há lugar para Deus na teoria da criação do Universo
Yahoo Notícias - Stephen Hawking: Deus não criou o universo
Folha.com - Stephen Hawking dispensa Deus na origem do Universo
Logo abaixo de cada uma destas notícias vocês encontrarão um bando de gente metendo o pau no cara ou comemorando a “vitória da razão sobre a religião”.
Ainda incomodado com isso fiz o que sempre faço quando desconfio desse tipo de informação: fui buscar a informação original, na língua original e nas informações do próprio autor.
Encontrei algo AQUI, nas palavras do autor, escritas em seus livros.
Ele disse: “What I have done is to show that it is possible for the way the universe began to be determined by the laws of science. In that case, it would not be necessary to appeal to God to decide how the universe began. This doesn't prove that there is no God, only that God is not necessary.” [Stephen W. Hawking, Der Spiegel, 1989]
Minha tradução: “O que eu fiz foi mostrar que é possível que, pela forma como o universo começou, tudo tenha sido determinado [desde sempre] pelas leis da ciência. Neste caso, talvez não tenha sido necessária a intervenção de Deus para decidir como o universo começou. Isso não prova que Deus não existe, apenas que ele não é necessário [falando especificamente durante a formação do universo].”
Ou seja, entendo que ele NÃO afirma que Deus não existe. Hawking diz que o universo desde sempre operou sob as leis da física e que seu início foi tão natural e espontâneo quanto a sua realidade hoje. Não quer dizer também que Deus não tenha dado o pontapé inicial na criação do universo. Se ele fez mesmo isso, então apenas o fez dentro das leis da física, ou seja, a física também pode ser considerada instrumento dele na criação.
Mas não vou ficar me debatendo nos argumentos. Acho engraçado ver como as ciências e as religiões falam quase o tempo todo das mesmas coisas, investigam os mesmos assuntos, nasceram na sociedade no mesmo período e, mesmo assim, não se suportam. E que fique claro aqui que não prego nem por um nem pelo outro, mas acho muito hipócrita a posição de ambos.
Por que Deus não teria seguido (ou criado) as leis da física para tornar possível a vida na Terra ou em qualquer outro lugar do universo?
Só por que é necessário à ciência desmistificar o mundo, não quer dizer que seja obrigatório tirar toda a razão da religião. Da mesma forma, a religião considera conceitos científicos heresia, mesmo acreditando na criação. Oras, se Deus criou tudo, vocês acham que as leis da física também não foram arquitetadas por Ele?
Qual é a vantagem dessa briga mesquinha ciência versus religião que não chega a lugar algum e só atrasa o que realmente é importante: a evolução da sociedade?
Vocês queiram ou não, o mundo precisa de filosofia tanto quanto de cálculos. A ciência nos dá naves para avançar pelo o futuro, enquanto a religião nos dá o mapa para chegar lá com equilíbrio.
O mundo precisa de tolerância! Agora mais do que nunca.
Como diria o cientista e fervorosamente religioso Albert Einstein, “A ciência sem a religião é paralítica. A religião sem a ciência é cega; e quanto mais estudo a ciência e a física, quanto mais eu procuro soluções, mais acredito em Deus.”
Pois é, Einstein, triste época essa em que vivemos. É mais fácil desintegrar um átomo do que um preconceito!
*Não deixarei claro neste texto se acredito ou não em Deus, se tenho fé apenas na razão da ciência ou totalmente cético sobre tudo isso de propósito. O que me intriga é a falta de resultados positivos que estas duas instituições mesquinhas geram ao brigar pela razão... ou pela falta dela. Dessa forma a ignorância parece mesmo uma bênção.
“Deus é desnecessário para explicar a criação, diz Hawking.” – Estadão.com.br
Sinceramente eu, como alguém que leu livros do Stephen Hawking e está sempre ligado nestes assuntos, recebi com muito pé atrás a informação. Justamente ele havia dito tal coisa?
Fui procurar outras fontes:
Terra Notícias - Stephen Hawking: Deus não tem mais lugar na criação do universo
O Globo - Stephen Hawking afirma que não há lugar para Deus na teoria da criação do Universo
Yahoo Notícias - Stephen Hawking: Deus não criou o universo
Folha.com - Stephen Hawking dispensa Deus na origem do Universo
Logo abaixo de cada uma destas notícias vocês encontrarão um bando de gente metendo o pau no cara ou comemorando a “vitória da razão sobre a religião”.
Ainda incomodado com isso fiz o que sempre faço quando desconfio desse tipo de informação: fui buscar a informação original, na língua original e nas informações do próprio autor.
Encontrei algo AQUI, nas palavras do autor, escritas em seus livros.
Ele disse: “What I have done is to show that it is possible for the way the universe began to be determined by the laws of science. In that case, it would not be necessary to appeal to God to decide how the universe began. This doesn't prove that there is no God, only that God is not necessary.” [Stephen W. Hawking, Der Spiegel, 1989]
Minha tradução: “O que eu fiz foi mostrar que é possível que, pela forma como o universo começou, tudo tenha sido determinado [desde sempre] pelas leis da ciência. Neste caso, talvez não tenha sido necessária a intervenção de Deus para decidir como o universo começou. Isso não prova que Deus não existe, apenas que ele não é necessário [falando especificamente durante a formação do universo].”
Ou seja, entendo que ele NÃO afirma que Deus não existe. Hawking diz que o universo desde sempre operou sob as leis da física e que seu início foi tão natural e espontâneo quanto a sua realidade hoje. Não quer dizer também que Deus não tenha dado o pontapé inicial na criação do universo. Se ele fez mesmo isso, então apenas o fez dentro das leis da física, ou seja, a física também pode ser considerada instrumento dele na criação.
Mas não vou ficar me debatendo nos argumentos. Acho engraçado ver como as ciências e as religiões falam quase o tempo todo das mesmas coisas, investigam os mesmos assuntos, nasceram na sociedade no mesmo período e, mesmo assim, não se suportam. E que fique claro aqui que não prego nem por um nem pelo outro, mas acho muito hipócrita a posição de ambos.
Por que Deus não teria seguido (ou criado) as leis da física para tornar possível a vida na Terra ou em qualquer outro lugar do universo?
Só por que é necessário à ciência desmistificar o mundo, não quer dizer que seja obrigatório tirar toda a razão da religião. Da mesma forma, a religião considera conceitos científicos heresia, mesmo acreditando na criação. Oras, se Deus criou tudo, vocês acham que as leis da física também não foram arquitetadas por Ele?
Qual é a vantagem dessa briga mesquinha ciência versus religião que não chega a lugar algum e só atrasa o que realmente é importante: a evolução da sociedade?
Vocês queiram ou não, o mundo precisa de filosofia tanto quanto de cálculos. A ciência nos dá naves para avançar pelo o futuro, enquanto a religião nos dá o mapa para chegar lá com equilíbrio.
O mundo precisa de tolerância! Agora mais do que nunca.
Como diria o cientista e fervorosamente religioso Albert Einstein, “A ciência sem a religião é paralítica. A religião sem a ciência é cega; e quanto mais estudo a ciência e a física, quanto mais eu procuro soluções, mais acredito em Deus.”
Pois é, Einstein, triste época essa em que vivemos. É mais fácil desintegrar um átomo do que um preconceito!
*Não deixarei claro neste texto se acredito ou não em Deus, se tenho fé apenas na razão da ciência ou totalmente cético sobre tudo isso de propósito. O que me intriga é a falta de resultados positivos que estas duas instituições mesquinhas geram ao brigar pela razão... ou pela falta dela. Dessa forma a ignorância parece mesmo uma bênção.
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