Quando me recordo do início da minha carreira, lembro de um acontecimento muito marcante.
Eu estagiava com eventos governamentais em um sindicato na cidade de São Paulo, na Rua Pamplona, travessa da Avenida Paulista. Durante aproximadamente um mês, o tempo que durava o curso de oratória do Prof° Oswaldo Melantonio, conheci um aluno chamado Rafael, muito educado, alinhado, e com uma postura invejável a qualquer lorde inglês.
Já que durante a matrícula comentamos que ele fazia o caminho por perto da minha casa ao sair do curso, sempre me dava caronas no seu carrão ao final da noite, quando terminavam suas aulas e também o meu expediente.
O professor Melantonio, grande mestre, sempre muito amável, chamava-o de Rafa e mesmo com todo o respeito que tínhamos por aquele homem, passamos a chamá-lo assim. Inclusive eu, que acabei criando certa amizade durante tantas viagens.
Certo dia quando saíamos do sindicato ele fez uma brincadeira comigo (elas eram muito raras!) e perguntou se eu tinha namorada. Expliquei que estava no primeiro ano da faculdade, “curtindo” o tempo de estudante sem relacionamentos sérios e aproveitando o tempo que teria morando sozinho em São Paulo.
Ele ficou mudo até quase chegarmos à porta da minha casa, sem dar indícios de qualquer julgamento sobre minha resposta, dirigindo tranquilamente pelas ruas.
Aproveitei a brecha e toda a curiosidade latente de moleque sobre aquele amigo tão reservado e perguntei se era casado.
Sua resposta me marcou de maneira talvez um pouco assustadora, talvez um pouco surpreendente, mas certamente inesperada.
Lembro que aquele homem sério e muito calado ficou com os olhos molhados ao responder:
“Conheci a mulher da minha vida quando tinha 24 anos. Depois, quando fiz 30 anos, consegui perdê-la e nunca mais a conquistei novamente. Tentei me relacionar muitas outras vezes, mas era ela, sabe? Ela nunca mais voltou..."
Não só passamos o resto da viagem em silêncio como aquele homem, o Rafa, o senhor Rafael a partir daquele dia, não comentou mais sobre caronas até o final do curso.
Aquelas palavras, ditas para um garoto ainda leviano de pouco mais de 18 anos que acabara de ingressar na faculdade e iniciara finalmente sua vida de relacionamentos profissionais e, de certo modo, também os pessoais, acabaram por bater na minha cabeça como um sino de catedral.
De tempos em tempos, a cada nova escolha que faço e que envolve pessoas, penso um pouco no Rafa.
Naquele homem sério, de terno preto, alhos azuis profundos e graves que acredita numa pessoa certa, e apenas numa pessoa, para a sua vida. Penso que aquela mulher foi para ele como Beethoven para a música, Leonardo da Vinci ou Picasso para as artes ou Albert Einstein para as ciências. Alguém insubstituível e inimaginavelmente necessária e inspiradora, capaz de quebrar essa crença que temos hoje de que todo mundo é substituível. Ele tinha lá seus 50 anos e não encontrara ninguém para substituir aquele amor.
Então comecei a pensar na matrícula da faculdade (então 204100), no meu RG, nos crachás das empresas em que trabalhei contendo apenas números e cargos, nos funcionários que eram revistados na saída das fábricas de medicamentos e nas pessoas que cruzaram comigo por todos esses caminhos. Pessoas que, muitas vezes, foram também números em série, analistas, estagiários, alunos numa lista de escola, doentes nas filas de hospitais, gênios e burros retratados por notas de zero a dez.
Todas elas pessoas sim, mas avaliadas em notas de zero a dez. Vez por outra trocadas, marginalizadas, "trucadas" e jogadas para escanteio.
Noutras vezes, porém, foram pessoas por mim subestimadas ou até insubstituíveis. Por mim, por si mesmas e por todos.
E na última semana recebi o texto abaixo num e-mail enviado pela minha tia. Novamente me perguntei:
E você, é insubstituível?
Na sala de reunião de uma multinacional o diretor nervoso fala com sua equipe de gestores. Agita as mãos, mostra gráficos e, olhando nos olhos de cada um, ameaça: “ninguém é insubstituível".
A frase parece ecoar nas paredes da sala de reunião em meio ao silêncio.
Os gestores se entreolham, alguns abaixam a cabeça. Ninguém ousa falar nada. De repente um braço se levanta e o diretor se prepara para triturar o atrevido:
- Alguma pergunta?
- Tenho sim. E Beethoven?
- Como? - encara o gestor confuso.
- O senhor disse que ninguém é insubstituível e quem substituiu Beethoven?
Silêncio.
O funcionário então diz:
- Ouvi essa estória esses dias, contada por um profissional que conheço, e achei muito pertinente falar sobre isso.
Afinal as empresas falam em descobrir talentos, reter talentos, mas, no fundo, continuam achando que os profissionais são peças dentro da organização e que, quando sai um, é só encontrar outro para por no lugar.
Quem substituiu Beethoven? Tom Jobim? Ayrton Senna? Ghandi? Frank Sinatra? Garrincha? Santos Dumont? Monteiro Lobato? Elvis Presley? Os Beatles? Jorge Amado? Pelé? Paul Newman? Tiger Woods? Albert Einstein? Picasso? Zico?
Todos esses talentos marcaram a história fazendo o que gostam e o que sabem fazer bem, ou seja, fizeram seu talento brilhar. E, portanto, são sim insubstituíveis.
Cada ser humano tem sua contribuição a dar e seu talento direcionado para alguma coisa. Está na hora dos líderes das organizações reverem seus conceitos e começarem a pensar em como desenvolver o talento da sua equipe focando no brilho de seus pontos fortes e não utilizando energia em reparar seus 'gaps'.
Ninguém lembra e nem quer saber se Beethoven era surdo, se Picasso era instável, Caymmi preguiçoso, Kennedy egocêntrico, Elvis paranóico... O que queremos é sentir o prazer produzido pelas sinfonias, obras de arte, discursos memoráveis e melodias inesquecíveis, resultado de seus talentos.
Cabe aos líderes de sua organização mudar o olhar sobre a equipe e voltar seus esforços em descobrir os pontos fortes de cada membro. Fazer brilhar o talento de cada um em prol do sucesso de seu projeto.
Se seu gerente/coordenador, ainda está focado em 'melhorar as fraquezas' da sua equipe corre o risco de ser aquele tipo de líder que barraria Garrincha por ter as pernas tortas, Albert Einstein por ter notas baixas na escola, Beethoven por ser surdo. E na gestão dele o mundo teria perdido todos esses talentos.
Nunca me esqueço de quando o Zacarias dos Trapalhões 'foi pra outras moradas'. Ao iniciar o programa seguinte, o Dedé entrou em cena e falou mais ou menos assim:
"Estamos todos muito tristes com a 'partida' de nosso irmão Zacarias... e hoje, para substituí-lo, chamamos: Ninguém... pois nosso Zaca é insubstituível"
Portanto nunca esqueça: Você é um talento único. Com toda certeza ninguém o substituirá.
"Sou um só, mas ainda assim sou um. Não posso fazer tudo, mas posso fazer alguma coisa. Por não poder fazer tudo, não me recusarei a fazer o pouco que posso".
terça-feira, janeiro 26, 2010
domingo, janeiro 17, 2010
O Mundo Que Nós Criamos
Já faz algum tempo que venho anunciando aqui no Blog meus pontos de vista a respeito da forma como temos tratado nosso planeta, nossa sociedade, enfim, o mundo em que vivemos.
Temos colhido durante os últimos anos todas as luzes das culturas passadas, temos obtido avanços incríveis na tecnologia e até mesmo na cultura e gestão do público e do privado.
Por outro lado, é um fato alarmante constatar que colhemos também toda a falta de educação das pessoas que jogam lixo nas ruas e insistem em tratar mal seus filhos, colhemos nossas próprias ervas daninhas, devidamente cultivadas.
Plantamos nuvens de poluição e colhemos desastres naturais. Continuamos ceifando a perspectiva de nossos filhos poderem observar tranquilamente nossas obras de arte num futuro, de poderem passear em jardins e colher bons frutos desse velho mundo.
Não acredito que reclamar seja uma solução, mas tragédias, como recentemente a do Haiti, nos mostram o quanto estamos despreparados para enfrentar as consequências dos nossos próprios atos. Por sorte doações e ajuda humanitária para vítimas são abundantes, ainda bem que nos mantivemos sensíveis a isto.
Mas se fosse aquele um país melhor administrado e cuidado, se recebesse mais atenção dos órgãos mundiais no combate às suas guerras civis e ao drama da péssima educação, talvez não precisássemos ver na televisão mães fazendo biscoitos de creme de leite, açúcar e barro nas ruas destruídas do país. Foi uma das cenas mais absurdas que já vi na minha vida, crianças comendo bolinhos de barro por puro desespero.
Pensando nisso escutei hoje uma música formidável do Queen, composta pelos gênios Freddie Mercury e Brian May (vocalista e guitarrista da banda), que retrata esse pensamento igualmente melancólico, mas que é imbatível para expressar o que sinto a respeito de como cuidamos do nosso mundo hoje:
Tradução (desculpem o inglês enferrujado):
Just look at all those hungry mouths we have to feed
Veja todas essas bocas famintas que precisamos alimentar
Take a look at all the suffering we breed
Veja todo o sofrimento que causamos
So many lonely faces scattered all around
Tantas faces solitárias se espelham por toda parte
Searching for what they need
Procurando pelo que precisam
Is this the world we created?
É este o mundo que criamos?
What did we do it for?
Para que o fizemos?
Is this the world we invaded
Este foi o mundo que invadimos
Against the law?
Contra a lei?
So it seems in the end
Então é o que parece no fim das contas
Is this what were all living for today?
É para isso que estamos vivendo hoje?
The world that we created
O mundo que criamos
You know that every day a helpless child is born
Você sabe que todo dia nasce uma criança sem esperança
Who needs some loving care inside a happy home
Que precisa de algum carinho dentro de um lar feliz
Somewhere a wealthy man is sitting on his throne
Em algum lugar um home poderoso está sentado em seu trono
Waiting for life to go by
Esperando a vida passar
Is this the world we created?
Este é o mundo que criamos?
We made it on our own
Nós fizemos isto por nós mesmos
Is this the world we devastated
Este é o mundo que devastamos
Right to the bone?
Até não poder mais? (Até os ossos?)
If there's a God in the sky looking down
Se houver um Deus no céu, olhando aqui pra baixo
What can he think of what we’ve done
O que Ele deve pensar sobre o que nós fizemos
To the world that he created?
Para o mundo que Ele criou?
Não quero ser mais um arauto das más notícias, mas cuidar do mundo dessa forma, com lixo, com educação pobre, sem notar a importância da saúde e a responsabilidade, de e para, os povos não haverá futuro para o mundo que criamos.
Mas já disse Henry Ford em sua célebre frase: “Não encontro defeitos, encontro soluções. Qualquer um sabe queixar-se.” e, também pensando nisso, digo que existe apenas uma palavra capaz de contradizer todas essas previsões pessimistas:
EDUCAÇÃO
Se quisermos criar um mundo melhor precisaremos entender que o caminho da educação é também a receita original de tudo isso, independente de religiões, ciências, tendências políticas ou crenças de cada um, precisamos buscar o conhecimento, pois só ele pode trazer a tona perguntas e respostas capazes de tirar nosso mundo das trevas mais uma vez.
Faça-se a luz!
Temos colhido durante os últimos anos todas as luzes das culturas passadas, temos obtido avanços incríveis na tecnologia e até mesmo na cultura e gestão do público e do privado.
Por outro lado, é um fato alarmante constatar que colhemos também toda a falta de educação das pessoas que jogam lixo nas ruas e insistem em tratar mal seus filhos, colhemos nossas próprias ervas daninhas, devidamente cultivadas.
Plantamos nuvens de poluição e colhemos desastres naturais. Continuamos ceifando a perspectiva de nossos filhos poderem observar tranquilamente nossas obras de arte num futuro, de poderem passear em jardins e colher bons frutos desse velho mundo.
Não acredito que reclamar seja uma solução, mas tragédias, como recentemente a do Haiti, nos mostram o quanto estamos despreparados para enfrentar as consequências dos nossos próprios atos. Por sorte doações e ajuda humanitária para vítimas são abundantes, ainda bem que nos mantivemos sensíveis a isto.
Mas se fosse aquele um país melhor administrado e cuidado, se recebesse mais atenção dos órgãos mundiais no combate às suas guerras civis e ao drama da péssima educação, talvez não precisássemos ver na televisão mães fazendo biscoitos de creme de leite, açúcar e barro nas ruas destruídas do país. Foi uma das cenas mais absurdas que já vi na minha vida, crianças comendo bolinhos de barro por puro desespero.
Pensando nisso escutei hoje uma música formidável do Queen, composta pelos gênios Freddie Mercury e Brian May (vocalista e guitarrista da banda), que retrata esse pensamento igualmente melancólico, mas que é imbatível para expressar o que sinto a respeito de como cuidamos do nosso mundo hoje:
Tradução (desculpem o inglês enferrujado):
Just look at all those hungry mouths we have to feed
Veja todas essas bocas famintas que precisamos alimentar
Take a look at all the suffering we breed
Veja todo o sofrimento que causamos
So many lonely faces scattered all around
Tantas faces solitárias se espelham por toda parte
Searching for what they need
Procurando pelo que precisam
Is this the world we created?
É este o mundo que criamos?
What did we do it for?
Para que o fizemos?
Is this the world we invaded
Este foi o mundo que invadimos
Against the law?
Contra a lei?
So it seems in the end
Então é o que parece no fim das contas
Is this what were all living for today?
É para isso que estamos vivendo hoje?
The world that we created
O mundo que criamos
You know that every day a helpless child is born
Você sabe que todo dia nasce uma criança sem esperança
Who needs some loving care inside a happy home
Que precisa de algum carinho dentro de um lar feliz
Somewhere a wealthy man is sitting on his throne
Em algum lugar um home poderoso está sentado em seu trono
Waiting for life to go by
Esperando a vida passar
Is this the world we created?
Este é o mundo que criamos?
We made it on our own
Nós fizemos isto por nós mesmos
Is this the world we devastated
Este é o mundo que devastamos
Right to the bone?
Até não poder mais? (Até os ossos?)
If there's a God in the sky looking down
Se houver um Deus no céu, olhando aqui pra baixo
What can he think of what we’ve done
O que Ele deve pensar sobre o que nós fizemos
To the world that he created?
Para o mundo que Ele criou?
Não quero ser mais um arauto das más notícias, mas cuidar do mundo dessa forma, com lixo, com educação pobre, sem notar a importância da saúde e a responsabilidade, de e para, os povos não haverá futuro para o mundo que criamos.
Mas já disse Henry Ford em sua célebre frase: “Não encontro defeitos, encontro soluções. Qualquer um sabe queixar-se.” e, também pensando nisso, digo que existe apenas uma palavra capaz de contradizer todas essas previsões pessimistas:
EDUCAÇÃO
Se quisermos criar um mundo melhor precisaremos entender que o caminho da educação é também a receita original de tudo isso, independente de religiões, ciências, tendências políticas ou crenças de cada um, precisamos buscar o conhecimento, pois só ele pode trazer a tona perguntas e respostas capazes de tirar nosso mundo das trevas mais uma vez.
Faça-se a luz!
Notei ao Amanhecer
Alguns minutos antes do amanhecer existe um tempo curioso
Onde a madrugada atinge sua hora mais fria, há gelo no ar
Os sons são abafados por alguns instantes
E as estrelas parecem estar apagadas no teto solar
Nesse tempo o sereno cessa e os insetos desaparecem
Como se respondessem a um chamado inaudível
Os pássaros fazem alguns minutos de silêncio honroso
E a chuva evapora pelo tempo todo
Quem acompanhar um amanhecer compreenderá
Verá a natureza saudando com respeito o raiar do sol
Terá tempo de perceber a anestesia dos sons ao redor
E o sereno resfriar na pele a preguiçosa manhã
É um tempo curto
De uns oito ou dez minutos
Antes de o sol cortar a escuridão mais uma vez
E fazer-se a luz do amanhecer
Há meditação e paz
E um sopro fresco
Lufadas quentes e frias no ar
Um silêncio delicioso em céu e terra
Experimente o sabor de um novo dia
O aroma dos primeiros raios do sol no sereno das árvores
A santidade de um novo ciclo da natureza
E o abraço frio e quente da renovada prosperidade
Aí será possível perceber
Que o sinônimo da vida não é estar vivo para ver
É notar o invisível, tocar o intocável e, profundamente,
Deixar-se perceber
Onde a madrugada atinge sua hora mais fria, há gelo no ar
Os sons são abafados por alguns instantes
E as estrelas parecem estar apagadas no teto solar
Nesse tempo o sereno cessa e os insetos desaparecem
Como se respondessem a um chamado inaudível
Os pássaros fazem alguns minutos de silêncio honroso
E a chuva evapora pelo tempo todo
Quem acompanhar um amanhecer compreenderá
Verá a natureza saudando com respeito o raiar do sol
Terá tempo de perceber a anestesia dos sons ao redor
E o sereno resfriar na pele a preguiçosa manhã
É um tempo curto
De uns oito ou dez minutos
Antes de o sol cortar a escuridão mais uma vez
E fazer-se a luz do amanhecer
Há meditação e paz
E um sopro fresco
Lufadas quentes e frias no ar
Um silêncio delicioso em céu e terra
Experimente o sabor de um novo dia
O aroma dos primeiros raios do sol no sereno das árvores
A santidade de um novo ciclo da natureza
E o abraço frio e quente da renovada prosperidade
Aí será possível perceber
Que o sinônimo da vida não é estar vivo para ver
É notar o invisível, tocar o intocável e, profundamente,
Deixar-se perceber
sábado, janeiro 09, 2010
Construção
No começo eram brinquedos
Dedos cuidadosos que criavam carrinhos de sucata e aviões com palitos de sorvete e lacres de latinhas de refrigerante.
Não eram simples brinquedos de criança, eram incrivelmente planejados e executados.
Eram mais.
Depois vieram os blocos de montar, os barcos e aviões de armar, com suas pinturas e adesivos.
E nunca eram os mais simples, mas aqueles que exigiam perícia e cuidado, com peças que pediam pinças e lupas para criar modelos com mais de um metro de altura.
Não eram apenas brinquedos difíceis de armar.
Eram mais.
Então vieram os videogames.
Sempre aqueles de aviação, combate, corrida ou jogos de estratégia onde dedicar muito estudo e tempo.
Importante era ter o melhor carro de todos, uma centena de aviões abatidos e mais uma dezena na minha cola, exércitos arrebatadores e reinos sem concorrência.
Não eram apenas jogos de adolescente.
Eram mais.
Aí vieram os estudos.
Não dava para entender metade, muito menos para entender o que se pedia.
As notas não importavam, mas as descobertas tinham que ser enormes. Os dedos doíam de anotar insights nos bloquinhos que ficam até hoje na mochila.
Teve história, arte, ficção científica, religião, arquitetura, música e economia.
Não apenas livros e pesquisas infindáveis.
Eram mais.
Os relacionamentos sempre prioritários, fortes.
Não há espaço para pouca intimidade e desconfiança, tudo sempre muito concreto.
E não ser apenas bonito. Tem que ser o mais romântico, o mais intenso, sem chance para qualquer infidelidade, sem chance para qualquer filme.
Não eram apenas a reciprocidade e a paixão, muito verdadeiras.
Eram mais.
Então comecei a escrever como um louco.
Pôr no papel todas as minhas idéias e sentimentos.
Poemas dolorosos e maquiavélicos, textos tirados de sonhos, pensamentos, viúvas ricas que passeiam pelos jardins e um dado Barão Vermelho.
São belas palavras de amor e de ressentimento.
E não apenas razão, loucura ou alegria.
Eram muito mais.
Não eram simples brinquedos de criança
Não eram apenas a reciprocidade e a paixão, muito verdadeiras.
Não eram apenas jogos de adolescente.
Não apenas livros e pesquisas infindáveis.
E não apenas razão, loucura ou alegria.
É a história de uma vida inteira,
da busca pelo certo.
Apenas brinquedos difíceis de armar.
Dedos cuidadosos que criavam carrinhos de sucata e aviões com palitos de sorvete e lacres de latinhas de refrigerante.
Não eram simples brinquedos de criança, eram incrivelmente planejados e executados.
Eram mais.
Depois vieram os blocos de montar, os barcos e aviões de armar, com suas pinturas e adesivos.
E nunca eram os mais simples, mas aqueles que exigiam perícia e cuidado, com peças que pediam pinças e lupas para criar modelos com mais de um metro de altura.
Não eram apenas brinquedos difíceis de armar.
Eram mais.
Então vieram os videogames.
Sempre aqueles de aviação, combate, corrida ou jogos de estratégia onde dedicar muito estudo e tempo.
Importante era ter o melhor carro de todos, uma centena de aviões abatidos e mais uma dezena na minha cola, exércitos arrebatadores e reinos sem concorrência.
Não eram apenas jogos de adolescente.
Eram mais.
Aí vieram os estudos.
Não dava para entender metade, muito menos para entender o que se pedia.
As notas não importavam, mas as descobertas tinham que ser enormes. Os dedos doíam de anotar insights nos bloquinhos que ficam até hoje na mochila.
Teve história, arte, ficção científica, religião, arquitetura, música e economia.
Não apenas livros e pesquisas infindáveis.
Eram mais.
Os relacionamentos sempre prioritários, fortes.
Não há espaço para pouca intimidade e desconfiança, tudo sempre muito concreto.
E não ser apenas bonito. Tem que ser o mais romântico, o mais intenso, sem chance para qualquer infidelidade, sem chance para qualquer filme.
Não eram apenas a reciprocidade e a paixão, muito verdadeiras.
Eram mais.
Então comecei a escrever como um louco.
Pôr no papel todas as minhas idéias e sentimentos.
Poemas dolorosos e maquiavélicos, textos tirados de sonhos, pensamentos, viúvas ricas que passeiam pelos jardins e um dado Barão Vermelho.
São belas palavras de amor e de ressentimento.
E não apenas razão, loucura ou alegria.
Eram muito mais.
Não eram simples brinquedos de criança
Não eram apenas a reciprocidade e a paixão, muito verdadeiras.
Não eram apenas jogos de adolescente.
Não apenas livros e pesquisas infindáveis.
E não apenas razão, loucura ou alegria.
É a história de uma vida inteira,
da busca pelo certo.
Apenas brinquedos difíceis de armar.
segunda-feira, janeiro 04, 2010
Elogio
Todos sabemos que existem inúmeros fatores positivos em dar um bom elogio.
Elogiar não é apenas um ato de bondade ou boa vizinhança, um elogio pode ser estratégico, premeditado, pode derrubar barreiras num relacionamento e até criar um vínculo de amizade em relacionamentos aparentemente ermos.
A etimologia diz que a palavra “elogio” vem da junção de duas palavras gregas que significam “bom” ou “bem” mais “fala”, “palavra” ou “frase”. Na tradução literal significa “falar bem”.
Então se elogiar é falar bem sabemos que nem todas as pessoas se consideram aptas a fazê-lo corretamente e, na dúvida, muitas deixam de fazê-lo por este motivo.
Assim como um medicamento o elogio precisa ser dosado e corretamente escolhido para cada caso. Um medicamento certeiro pode erradicar um mal ou preveni-lo, tornando a pessoa mais forte e completamente saudável ou, de outra forma, uma prescrição baseada num diagnóstico errado pode causar efeitos colaterais, não erradicar uma doença e ainda deixar que ela se espalhe.
Mas, cá entre nós, no caso de uma doença eminente e na falta de um médico você deixaria de cuidar de alguém?
E se essa doença nascer em um relacionamento onde, por falta de conhecimento, alguém deixar de medicar só por que não se sente seguro o suficiente para fazê-lo ou simplesmente não se importa ou esquece-se de prevenir?
Isso tudo é medo de errar. Medo de distribuir elogios como analgésicos e ser taxado de fraco ou puxa saco. Aí as pessoas decidem usar elogios como antibióticos e, por vezes, acabam por parecerem descompromissadas ou, pior ainda, quando trocam elogios por críticas e são dadas como invejosas.
Com elogios certeiros muitos se tornam grandes líderes e, sem eles, a grande maioria das pessoas nem mesmo é ouvida.
Os elogios independem de palavras, não são apenas frases de agrado. Quem nunca escutou um elogioso “parabéns” nas lágrimas de uma mãe orgulhosa ou no aperto de mão de um chefe?
Um elogio construtivo, do tipo que damos em público a uma criança que fez um bom esforço ou ajudou outra pessoa sem interesse próprio será, sem dúvida, um ponto importante na formação do caráter de um indivíduo.
Afirmar que alguém está certo ou dar o devido valor à inteligência alheia não apenas enaltece uma boa característica desta pessoa, mas também comprova a perspicácia, o senso de justiça e a sabedoria de quem elogia.
Aquele grito – YES! – e o soco no ar que damos a cada conquista pessoal é o elogio mais sincero que você pode fazer à pessoa que mais precisa amar nesse mundo, pode acreditar em mim quando afirmo isso.
Existe ainda o elogio que traz sentimento, ou seja, aqueles parabéns sinceros para alguém que realmente amamos e que também significa “amo estar com você nesses bons momentos”, aquele abraço que damos num amigo que perdeu os pais ou a última homenagem que fazemos a alguém e que significa “você é importante para mim e por isso estou aqui agora”.
Todos esses são momentos que merecem, necessitam de um elogio. Cada segundo de conquistas ou derrotas se encaixa numa série de gestos, atos e palavras que podem reforçar positivamente uma alegria tanto quanto cicatrizar rapidamente uma ferida.
Como não há um mapa que explique onde encontrar os elogios corretos para cada ocasião, tampouco um termômetro que possamos usar para medir a temperatura correta dos nossos elogios e, sendo verdade que todos necessitamos deles – Eu, pelo menos, confesso que necessito – para sabermos o valor das nossas decisões e reforçar a tão volátil autoconfiança, elogiar torna-se uma característica de poucos, mas que possui um valor importantíssimo para quem quer ser mais do que a média.
Por isso acredito que o trabalho de aprender a conduzir elogios e espalhá-los na dose correta entre todas as pessoas que amamos pode ser muito frutífero, para não dizer imprescindível.
Então vá! Tente, arrisque, elogie e faça novamente.
Por que, mesmo que erre, tenho certeza de que você também consegue e, pode ter certeza, todos precisam disso.
Elogiar não é apenas um ato de bondade ou boa vizinhança, um elogio pode ser estratégico, premeditado, pode derrubar barreiras num relacionamento e até criar um vínculo de amizade em relacionamentos aparentemente ermos.
A etimologia diz que a palavra “elogio” vem da junção de duas palavras gregas que significam “bom” ou “bem” mais “fala”, “palavra” ou “frase”. Na tradução literal significa “falar bem”.
Então se elogiar é falar bem sabemos que nem todas as pessoas se consideram aptas a fazê-lo corretamente e, na dúvida, muitas deixam de fazê-lo por este motivo.
Assim como um medicamento o elogio precisa ser dosado e corretamente escolhido para cada caso. Um medicamento certeiro pode erradicar um mal ou preveni-lo, tornando a pessoa mais forte e completamente saudável ou, de outra forma, uma prescrição baseada num diagnóstico errado pode causar efeitos colaterais, não erradicar uma doença e ainda deixar que ela se espalhe.
Mas, cá entre nós, no caso de uma doença eminente e na falta de um médico você deixaria de cuidar de alguém?
E se essa doença nascer em um relacionamento onde, por falta de conhecimento, alguém deixar de medicar só por que não se sente seguro o suficiente para fazê-lo ou simplesmente não se importa ou esquece-se de prevenir?
Isso tudo é medo de errar. Medo de distribuir elogios como analgésicos e ser taxado de fraco ou puxa saco. Aí as pessoas decidem usar elogios como antibióticos e, por vezes, acabam por parecerem descompromissadas ou, pior ainda, quando trocam elogios por críticas e são dadas como invejosas.
Com elogios certeiros muitos se tornam grandes líderes e, sem eles, a grande maioria das pessoas nem mesmo é ouvida.
Os elogios independem de palavras, não são apenas frases de agrado. Quem nunca escutou um elogioso “parabéns” nas lágrimas de uma mãe orgulhosa ou no aperto de mão de um chefe?
Um elogio construtivo, do tipo que damos em público a uma criança que fez um bom esforço ou ajudou outra pessoa sem interesse próprio será, sem dúvida, um ponto importante na formação do caráter de um indivíduo.
Afirmar que alguém está certo ou dar o devido valor à inteligência alheia não apenas enaltece uma boa característica desta pessoa, mas também comprova a perspicácia, o senso de justiça e a sabedoria de quem elogia.
Aquele grito – YES! – e o soco no ar que damos a cada conquista pessoal é o elogio mais sincero que você pode fazer à pessoa que mais precisa amar nesse mundo, pode acreditar em mim quando afirmo isso.
Existe ainda o elogio que traz sentimento, ou seja, aqueles parabéns sinceros para alguém que realmente amamos e que também significa “amo estar com você nesses bons momentos”, aquele abraço que damos num amigo que perdeu os pais ou a última homenagem que fazemos a alguém e que significa “você é importante para mim e por isso estou aqui agora”.
Todos esses são momentos que merecem, necessitam de um elogio. Cada segundo de conquistas ou derrotas se encaixa numa série de gestos, atos e palavras que podem reforçar positivamente uma alegria tanto quanto cicatrizar rapidamente uma ferida.
Como não há um mapa que explique onde encontrar os elogios corretos para cada ocasião, tampouco um termômetro que possamos usar para medir a temperatura correta dos nossos elogios e, sendo verdade que todos necessitamos deles – Eu, pelo menos, confesso que necessito – para sabermos o valor das nossas decisões e reforçar a tão volátil autoconfiança, elogiar torna-se uma característica de poucos, mas que possui um valor importantíssimo para quem quer ser mais do que a média.
Por isso acredito que o trabalho de aprender a conduzir elogios e espalhá-los na dose correta entre todas as pessoas que amamos pode ser muito frutífero, para não dizer imprescindível.
Então vá! Tente, arrisque, elogie e faça novamente.
Por que, mesmo que erre, tenho certeza de que você também consegue e, pode ter certeza, todos precisam disso.
Assinar:
Postagens (Atom)