Hoje fui até a chácara de um vizinho aqui do bairro, que vem organizando umas boas festinhas, para fazer uma pergunta muito simples:
"Quem vai recolher o lixo que está aqui na rua?"
Pelo que parece ele tem realizado algumas pvts (Raves pequenas) com certa organização, segurança na porta e tendas.
Nada contra! Gosto muito e já freqüentei Raves pra valer, com muita música, bebidas e drogas, que não uso por opção, mas sempre estão por lá. Até aqui o quadro é normal e até fiquei com vontade de dar um pulo para “ver de perto” a festa quando tivesse outra, porém ontem passei lá na frente com a minha namorada e percebi que havia muitos carros estacionados na estrada em frente a casa. Perto dos carros, lógico, havia muito lixo como garrafas, copos, latinhas de cerveja e energéticos, etc.
E imaginem se fiquei surpreso ao passar por lá hoje e observar grandes sacos na lixeira da chácara, porém todo aquele lixo da rua ainda no chão. Claro que não.
Há uma aura de impunidade que paira sobre as pessoas em relação às suas responsabilidades com o próximo, disso já sabemos. Porém acho muito curioso ver gente que não é ignorante, do contrário a chácara também estaria toda emporcalhada, que possui o hábito de cuidar bem da sua casa, mas não se preocupa com nada que esteja além da soleira de suas portas.
Me aproximei do portão, bati palmas e, logo depois dos cachorros, surgiu um senhor com cara de curioso que veio lentamente na minha direção. O caseiro:
- Pois não.
- Boa tarde, senhor. Tudo bom?
- Tudo... – Ele respondeu ainda caminhando na minha direção, cheio de dúvidas.
- Por favor, eu gostaria de saber quem é o responsável pelas festas – disse apontando para uma das tendas semi-desmontadas perto do portão.
- É “a” responsável, a moça que promove as festas. Eu trabalho com a avó dela.
- Entendo. E o senhor poderia chamá-la, por favor?
- Ela não está. Eu não trabalho com ela, trabalho com a avó. Por quê?
- Gostaria de saber quem vai recolher o lixo que está aqui na estrada. Tem garrafas, copos, latas... – afirmei apontando agora para a rua suja.
- O senhor vai ter que falar com ela... Chega à noite.
- Ok. Obrigado. Volto a procurá-la então.
O lixo, que já é uma das frentes de estudo da economia – que particularmente chamo de “Econolixo” quando estudo o próprio como fator de impacto ambiental – ainda não é considerado pelas pessoas um fator importante na busca pela qualidade de vida. Ele não só entope bueiros e suja reservas ambientais, como temos aqui no meu sitio, na Serra do Japi, mas também vulgariza a paisagem e nos remete ao mundo animal da forma mais concreta possível. Quem não fica enojado ou se sente descontente com a humanidade quando vê alguém jogando lixo pela janela do carro? Sinto-me péssimo só de ver!
É incrível como as pessoas, por mais ricas e poderosas que sejam, não entendem que atitudes como esta deixarão uma dívida enorme para seus filhos pagarem ao planeta, e que será cobrada duramente.
Não falo em nome do “ecochatismo” ou coisa parecida, pois não concordo com extremos de forma alguma. Apenas não jogo lixo no chão pura e simplesmente pela educação que foi-me dada.
E é com a mesma educação e cordialidade com que pedirei à moça para recolher seu lixo do espaço público que peço para todos nós:
Não é necessário recolher o lixo alheio. Mas, por favor, recolha sempre o seu.
2 comentários:
Não sei se o velhinho falou para a reponsável sobre você, mas acabei de passar lá e ainda havia lixo na rua.
Eu não me sinto mal com esse tipo de pessoa, sinto raiva mesmo.
São ignorantes sim, não custa nada segurar o lixo até chegar em casa ou levar até o cesto, mesmo que não esteja tão próximo.
Quando tenho esse tipo de atitude, de guardar o lixo para jogar assim que encontrar um cesto, eu não me pego pensando no meio ambiente, a educação e bom senso que tenho é que falam mais alto.
Se todos pensassem um pouco só nas consequências de certas atitudes tudo seria muito melhor.
Ai...essas coisas me emputecem, vou dormir!
Com certeza ele não falou, não tenho certeza que ela vá recolher o lixo, mas tenho certeza que na nossa agenda telefônica aqui em casa ainda há o telefone de policiais da florestal que são conhecidos nossos. Mas bem antes disso pode dormir com os anjos, amanhã falarei com ela pessoalmente.
Lugar de lixo é no lixo!
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