Não vamos falar de política. Sem chance.
Mas vamos “politicar” um pouco.
No dia 14 de março do ano de 2008 serão 25 anos de sociedade pós-Karl Marx.
Mais de um quarto de século da luta de classes, de russos e americanos, de muitas forças que moveram ou movem o planeta. Idealismos que hoje estão nos livros de história, muitas vezes fechados, porém muito debatidos e vivos.
Há quem se lembre dos balanços e balaços do terror e que já tenha lido as fantásticas charges da época.
Já no dia 7 de Abril serão 61 anos da morte de Henri Ford.
Carros negros que, na cabeça de seu idealizador, foram projetados e construídos de forma tal que os próprios trabalhadores de sua fábrica poderiam comprá-los.
Ideais que receberam seus créditos, seja no tempo certo ou tarde demais, mas que moveram cérebros, gesticularam políticos, digladiaram países e construíram Blogs.
Discutida com certo amigo, ficam perguntas que politizam os fatos.
Procede a classe média contemporânea preferir pagar ensino particular para seus filhos?
Não cabem a nós tempos melhores, ou será que todos os dias serão de sol eternamente?
Alguns chovem.
Eu chovi?
segunda-feira, dezembro 31, 2007
O Barco e o Barqueiro
Não se sabe há quanto tempo aquele homem navegava.
Sua pele não era nem preta nem branca, mas lustrosa no bronze tropical e manchada pelo sol. Seu corpo era velho mas estranhamente musculoso. Arqueado pelo tempo e endireitado pelo esforço.
Seus olhos não. Estes eram vivos como o mar e capazes de iluminar qualquer estrada, seja dia ou noite.
Sobre o barco não convém afirmar se grande ou se pequeno, se de vela alva e lisa ou manchada de retalhos, se largamente tripulado ou duramente solitário. É barco.
Certo dia, o homem percebeu que seu norte estava a leste. Três anos luz a leste de todos os outros nortes que existiam.
Sentou ao comando e meditou sobre sua situação: Rumar para o norte poupando o velho corpo, aproveitando os bons ventos para lentamente apontar a proa a leste, ou responder aos anseios dos jovens olhos e guinar o leme e girar a vela em direção ao destino final.
Hoje a esperança que se renovou no instante de sua decisão voltou a ser a mesma que o acompanhara nos últimos tempos de sua longa jornada. Porém, o velho corpo, os jovens olhos e o barco rumam ao encontro de seu destino oriental, infinitamente mais próximos do norte, para o qual todos os barcos rumam.
Sua pele não era nem preta nem branca, mas lustrosa no bronze tropical e manchada pelo sol. Seu corpo era velho mas estranhamente musculoso. Arqueado pelo tempo e endireitado pelo esforço.
Seus olhos não. Estes eram vivos como o mar e capazes de iluminar qualquer estrada, seja dia ou noite.
Sobre o barco não convém afirmar se grande ou se pequeno, se de vela alva e lisa ou manchada de retalhos, se largamente tripulado ou duramente solitário. É barco.
Certo dia, o homem percebeu que seu norte estava a leste. Três anos luz a leste de todos os outros nortes que existiam.
Sentou ao comando e meditou sobre sua situação: Rumar para o norte poupando o velho corpo, aproveitando os bons ventos para lentamente apontar a proa a leste, ou responder aos anseios dos jovens olhos e guinar o leme e girar a vela em direção ao destino final.
Hoje a esperança que se renovou no instante de sua decisão voltou a ser a mesma que o acompanhara nos últimos tempos de sua longa jornada. Porém, o velho corpo, os jovens olhos e o barco rumam ao encontro de seu destino oriental, infinitamente mais próximos do norte, para o qual todos os barcos rumam.
Sobre o Conhecimento
Três homens cavavam um poço cada.
O primeiro, depois de muito cavar, encontrou lama e daquele poço nunca mais saiu.
O segundo encontrou água e morreu afogado.
O terceiro, por sua vez, encontrou um tesouro e até hoje não se sabe se ele ficou no poço com sua ganância, se comprou toda a água do mundo ou se morreu atolado.
O primeiro, depois de muito cavar, encontrou lama e daquele poço nunca mais saiu.
O segundo encontrou água e morreu afogado.
O terceiro, por sua vez, encontrou um tesouro e até hoje não se sabe se ele ficou no poço com sua ganância, se comprou toda a água do mundo ou se morreu atolado.
Jornada
E quando acordei vi que o sapato
Não estava mais lá
Tiraram do pé
O chão
Tiraram da mão
A chance
Dos olhos, o horizonte
Futuro, do pretérito
Da queda, foi-se o baque surdo
Do corpo, a rocha
Das pernas, o calor
E quem restou foi o coração
E das dores, a esperança
A saliva que não vinga
A chance que morreu
Mas a cada dia de sol
Renasce
Não estava mais lá
Tiraram do pé
O chão
Tiraram da mão
A chance
Dos olhos, o horizonte
Futuro, do pretérito
Da queda, foi-se o baque surdo
Do corpo, a rocha
Das pernas, o calor
E quem restou foi o coração
E das dores, a esperança
A saliva que não vinga
A chance que morreu
Mas a cada dia de sol
Renasce
Rua do Arauto
Blém, blém, blém...
Todos os dias, pela manhã, o sino do arauto subia as ruas.
Com ele, as notícias.
Blém, blém, blém...
Pelas ruas, chuva, sol, arauto, sino e as notícias.
Subiam todos, também os dias.
Blém, blém, blém...
Certo dia, pela manhã, subiu o sino e seu arauto, não as notícias.
Em seu lugar, verdade.
A esposa do padeiro não gostou.
O padre não gostou.
O prefeito não gostou.
O major não gostou.
O delegado e o ferreiro também não gostaram.
Blém, blém e blém.
Pela tarde, o sino da igreja desceu as ruas.
Blémmm, blémmm, blémmm...
No outro dia subiram, pela Rua do Arauto, o sino, outro arauto e as notícias.
Todos os dias, pela manhã, o sino do arauto subia as ruas.
Com ele, as notícias.
Blém, blém, blém...
Pelas ruas, chuva, sol, arauto, sino e as notícias.
Subiam todos, também os dias.
Blém, blém, blém...
Certo dia, pela manhã, subiu o sino e seu arauto, não as notícias.
Em seu lugar, verdade.
A esposa do padeiro não gostou.
O padre não gostou.
O prefeito não gostou.
O major não gostou.
O delegado e o ferreiro também não gostaram.
Blém, blém e blém.
Pela tarde, o sino da igreja desceu as ruas.
Blémmm, blémmm, blémmm...
No outro dia subiram, pela Rua do Arauto, o sino, outro arauto e as notícias.
Para inglês ver
Um inglês subiu num banquinho para reclamar de sua pátria.
Todos os dias, meio dia, a mesma coisa.
Certo meio dia disse um garoto ao inglês:
- Senhor, o baquinho é para sentar!
E o inglês nunca mais reclamou.
Todos os dias, meio dia, a mesma coisa.
Certo meio dia disse um garoto ao inglês:
- Senhor, o baquinho é para sentar!
E o inglês nunca mais reclamou.
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