É incrível como o bem e o mal não fazem mais diferença. E isso só acontece a um povo quando não há mais esperança, quando ninguém mais acredita em mudanças.
Parece mais do mesmo nesta coluna do Jabor. Ao mesmo tempo é e não é. Ele não fala nada que já não saibamos, mas parece realmente que nada mais nos atinge, nos comove.
A falta de liderança competente dos últimos anos nos deixou tão perdidos que continuamos flutuando na onda do progresso gerada no governo FHC... uma onda que percebemos, mas ainda não queremos acreditar, que já passou! Agora ficamos aqui, no marasmo, sem um qualquer vento que abane as velas do navio Brasil, que não anda.
O governo brinca, a iniciativa privada já baixou a guarda e nós, cidadãos, somos esculachados a cada dia por mais impropérios, mais impostos, mais promessas e mais pronunciamentos presidenciais que, SABEMOS, não são reais. Eles não nem enganam! Nem precisam se esforçar para isso.
E por que não nos mexemos? Por que somos cachorro morto. Somos soldados famintos que preferiam combater de barrigas vazias ao invés de esperar a lenta morte, mas não enxergam a guerra... "Que se acelere a crise", pensamos em desespero nos ônibus lotados - como afirmou Jabor - mas a crise já está entre nós e não há energia para lutar. Minha geração não sabe nem mesmo pelo que ou como lutar!
E esse é o problema maior. A geração que hoje forma a força de trabalho, que vai suceder o poder político e privado, que está em vias de assumir o Brasil, já nasceu nesse marasmo. A guerra terminou quando ainda tínhamos 10 anos de idade. Não vivemos as crises, não sabemos pelo que lutar. Qual é a realidade que devemos buscar, não é essa mesmo de agora!? Ah, não sabia não... sei que chamam de alienação...
As pessoas sabem que não está bom, mas também não sabem "que bom é esse" que devemos buscar! Ou como.
E é nessas horas que algumas pessoas - assustadoramente! - olham para trás. Ditadura é um mal terrível. As pessoas pensam nisso não por que não lembram como ela funciona, mas por que esse marasmo é tão desesperador que a chance de ter algo contra o que lutar já parece sedutora. Fomos forjados para sermos soldados, mas não temos guerras.
Somos espartanos sem inimigos, ou pior, temos uma falsa paz que não satisfaz. Somos a cria perdida de toda uma história de luta; fortes, prontos, mas que não sabem onde acontece a batalha. É como se sente um garanhão logo após a castração, um galo de rinha nunca tirado da gaiola, etc.
Somos espartanos sem inimigos, ou pior, temos uma falsa paz que não satisfaz. Somos a cria perdida de toda uma história de luta; fortes, prontos, mas que não sabem onde acontece a batalha. É como se sente um garanhão logo após a castração, um galo de rinha nunca tirado da gaiola, etc.
Sempre tive e sempre terei esperança de mudança, mas vejo tantos que pensam de forma inconsequente: "que essas mudanças venham como vierem". Que as mudanças cheguem em batalhas se necessário, sejam elas nacionais, internacionais, políticas, ideológicas, físicas... ou todas juntas; numa guerra civil ou levante popular.
A gente quer algo melhor, claro, quem não quer algo melhor... mas o que é melhor?
Não sabemos. E, talvez ridiculamente, minha esperança está no fato de que ao menos sabemos que não sabemos.
E por isso mesmo é fácil enxergar, tanto na visão do cientista quanto na do experimento, ao menos uma coisa:
Dói não ter futuro, mas dói ainda mais não ter presente.
Um comentário:
Otimo texto Marigo. Tao bom e real que chega a ser cruel... Eh exatamento por isso que os protestos de Junho14 tiveram pouco impacto, pq niguem consegue se entender. Os pleitos sao difusos, confusos e sem foco. Os manifestantes nao sabiam o que queriam, apenas que nao queriam que ficasse do jeito que estava, e por conta dessa falta de objetivo, tudo permaneceu igual."Para quem nao sabe para onde vai, nunca ha vento a favor".
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